Presidente da República encerrou ciclo de reflexão da Universidade Católica dedicado ao tema «Futuros Globais»
Lisboa, 12 out 2018 (Ecclesia) – O presidente da República Portuguesa salientou a urgência de afirmar, num mundo marcado por fenómenos como a exclusão social e a crise de refugiados, “um sentido personalista da vida e da pessoa”.
“O respeito da dignidade da pessoa humana é uma linha vermelha que não pode ser riscada nem beliscada”, frisou Marcelo Rebelo de Sousa na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, durante a conferência ‘O futuro de Portugal e a visão do mundo’, com que encerrou um ciclo de reflexão subordinado ao tema ‘Futuros Globais’, promovido pela UCP.
Para aquele responsável, “futuros globais” são necessários mas “de paz e não de guerra, de multilateralismo e não de fechamento unilateral, de defesa dos direitos das pessoas e não da sua entorse, se útil ou conveniente”.
Marcelo Rebelo de Sousa defendeu ainda a “busca de soluções sustentadas e justas que evitem becos sem saída, exclusões, migrações e refugiados, e não fórmulas tampão por natureza conjunturais e frágeis, concebidas à medida dos egoísmos e das intolerâncias da moda”.
Numa casa, como referiu, de matriz cristã, o presidente da República reforçou esta mensagem com uma referência à parábola do Bom Samaritano.
Esta passagem “tanto vale para o cidadão que salva da morte o estrangeiro, como vale para o Estado que salva de morte o estrangeiro e até, se for esse o caso, se estiver a morrer em águas que lhe são estranhas, porque internacionais ou de outro Estado”, apontou.
O presidente da República alertou ainda que se este “personalismo”, ou seja, se esta atenção a todas as pessoas, sejam elas de que nacionalidade, etnia, condição social ou religião, não “vingar” também “nos Estados” e “nas organizações internacionais”, no futuro irão “agravar-se os abismos interiores e exteriores de cada qual e de cada sociedade”.
A conferência ‘O futuro de Portugal e a visão do mundo’ teve lugar durante a sessão de encerramento dos 50 anos da Universidade Católica Portuguesa, no auditório Cardeal Medeiros.
Presente nesta iniciativa, o cardeal-patriarca de Lisboa, e Magno Chanceler da UCP, sustentou a este respeito que “uma sociedade articula-se na boa e feliz conjugação da solidariedade, para que ninguém fique de fora, mas também a subsidiaridade, ou seja, olhando para o todo e não dispensando ninguém”.
E enalteceu o “empenho” que Marcelo Rebelo de Sousa tem colocado na atenção “aos que precisam de ser integrados realmente nesta solidariedade, sejam os sem-abrigo, sejam as minorias étnicas, sejam os refugiados, sejam aqueles que por alguma calamidade natural ou por outra circunstância são projetados nos noticiários”.
Lançado em outubro de 2017 no âmbito das comemorações dos 50 anos da UCP, o ciclo de conferências ‘Futuros Globais’ incluiu ao longo de um ano 10 abordagens aos desafios e oportunidades da sociedade atual, com o contributo de figuras de diferentes setores, como o presidente Marcelo Rebelo de Sousa, o cardeal-patriarca D. Manuel Clemente, o académico japonês Hiroshi Ishiguro, especialista em robótica e inteligência artificial; e a teólogo brasileira Clara Bingemer, que abordou ‘O futuro do cristianismo num mundo em mudança’.
JCP