Director da OCPM diz que os pedidos de ajuda estão a aumentar Com as dificuldades existentes em Portugal, os imigrantes confrontam-se “com uma grande falta de trabalho”. Perante esta situação aumentam os pedidos de ajuda junto das organizações católicas ligadas a este sector da pastoral. Em declarações à Agência ECCLESIA, Frei Francisco Sales, director da Obra Católica Portuguesa das Migrações realça que o “grande drama dos imigrantes é a falta de trabalho”. Quando a falta de trabalho aumenta “é mais fácil os imigrantes ilegais encontrarem emprego do que os legais” – frisou Frei Sales. E explica: “o imigrante legal implica contribuições sociais, enquanto o ilegal é mão-de-obra mais barata”. Nas situações de crise “é mais fácil a exploração laboral”. As instituições ligadas à Igreja confrontam-se “com falta de propostas de emprego”. Outrora, estas recebiam grandes listas de oferta de trabalho. “Muitos dias aparece somente uma proposta de trabalho” – lamenta. Apesar das fragilidades actuais, “não podemos colocar estes imigrantes na rua e descartá-los”. E aponta soluções: “temos que encontrar meios para os apoiar na tentativa de ultrapassar esta crise que coloca as famílias em situação de limite”. Com a diminuição dos postos laborais, Frei Francisco Sales revela também que muitas destas instituições ajudam temporariamente – através de verbas – os imigrantes. “Há instituições da igreja que tentam criar alguns postos de trabalhos para ajudar estes fragilizados” – salienta o director. No próximo dia 6 de Junho realizar-se-á, em Lisboa, uma audição pública para debater assuntos ligados à imigração. Frei Francisco Sales afirma que este encontro servirá também “para fazer uma análise de aplicação da lei de imigração em Portugal”. Dois anos depois da aplicação da lei “é conveniente fazer uma avaliação e observar dificuldades que os próprios imigrantes se confrontam, não só na aplicabilidade da lei, mas também na realidade portuguesa”. Nesta iniciativa reflectir-se-á também os problemas da emigração. “A emigração está a crescer com muita força” – refere Frei Francisco Sales. Ao comparar os contextos dos fluxos migratórios, o director da OCPM sublinha que na década de sessenta e setenta eram as famílias mais pobres que emigravam. “Neste momento assistimos à emigração das classes média-alta” – reconheceu. Outrora, os portugueses eram conhecidos como um povo que poupava. Como são incentivados ao consumo, “temos muitos portugueses que quando chega o fim do mês já gastaram o que ganharam e andam a gastar o dinheiro do mês seguinte” – disse. Para ultrapassarmos a crise vigente, o director da OCPM pede para que a economia seja repensada. “Os produtos que estão à venda devem ter um preço justo”. E esclarece: “temos produtos que custam quatro vezes mais (desde a produção ao consumo) devido aos intermediários que têm”.