Governo/Crise: Prioridade para os cidadãos

Bispo e economista abordam desafios que se colocam ao novo executivo que hoje tomou posse

Lisboa, 21 jun 2011 (Ecclesia) – O bispo emérito de Aveiro, D. António Marcelino, deixou hoje votos de que o executivo português compreenda que “o essencial e a razão de ser da governação” é a “atenção aos cidadãos”.

“A luta é dura para governantes dominados pelo sentido de serviço, preocupados com o clamor das pessoas e a decisão de respostas válidas”, alerta o prelado, em texto publicado na mais recente edição do semanário Agência ECCLESIA.

Este responsável acrescenta que “o mais importante património a ser bem gerido, são as pessoas concretas: crianças, jovens, adultos e mais idosos; saudáveis, doentes e com deficiências; da cidade, do litoral ou das aldeias do interior; empregadores, trabalhadores e desempregados; residentes, emigrados e imigrados; gente letrada ou apenas de letras gordas”.

Para António Marcelino, atual coordenador da Comissão Episcopal da Educação Cristã, “não se pode negar a importância da boa gestão dos bens materiais, dada a situação do país, possibilidades existentes, encargos assumidos, restrições impostas, obra a realizar”.

O bispo refere, no entanto, que os novos governantes “devem estar conscientes” de que “o povo, por vezes e de muitos modos, não tem sido bem tratado. Mais parece um ausente dos projetos de quem governa”.

“Sabemos o mal-estar que se instalou por compadrios e privilégios e encheram os cargos públicos de gente incapaz e inútil, pagando favores e serviços, que só o foram aos partidos”, critica.

 “Os portugueses, vencidas sujeições e dependências, descobertas inverdades na informação recebida, são gente capaz de fazer história, ir mais longe, gente a que não falta honestidade, bom senso e capacidade de agir, tanto no dia a dia, como por ocasião de crises”, assinala.

Joaquim Cadete, professor da Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais da UCP, escreve por seu lado sobre a necessidade de “uma redução efetiva da despesa pública já hoje”.

Este economista afirma que o novo executivo deve esperar “pouca condescendência por parte dos vários parceiros comunitários na partilha dos custos associados” ao processo de reequilíbrio financeiro.

Admitindo “mais reduções salariais”, Joaquim Cadete observa que “cortar salários não implica necessariamente ausência de justiça social – apenas força a escolhas devidamente fundamentadas e explicadas publicamente”.

Em relação às empresas, este especialista indica que “a única forma de sobreviver a prazo para as empresas passa pelo reforço da competitividade e da inovação”, alertando para obstáculos como “a reduzida flexibilidade do mercado laboral, o excessivo peso do Estado na economia e os elevados custos energéticos e de transporte”.

Em termos externos, acrescenta, “o futuro próximo de Portugal passará igualmente pelo papel de estabelecer pontes entre a Europa e o mundo Lusófono o que implica uma complementaridade da visão europeísta com o atlantismo”.

O presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, empossou hoje o XIX governo constitucional, de coligação PSD/CDS-PP, liderado pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.

Nesta ocasião, Cavaco Silva referiu que o país não está em condições de viver “crises políticas sucessivas”, sublinhando que competirá ao novo executivo assegurar que a coligação governativa tenha “solidez, consistência e durabilidade”.

Já Passos Coelho, afirmou que quer estabelecer um “novo pacto de confiança” entre o seu Governo e os portugueses para enfrentar os atuais “tempos difíceis”.

OC

Notícia atualizada às 13H30

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