«Gente de pouca fé?»: A denúncia e a luta pelos direitos humanos iniciada na Amnistia Internacional por Peter Benenson (c/vídeo)

«Gente de pouca fé?» é um espaço que a Agência ECCLESIA inaugura este domingo com Mendo Castro Henriques que pretende, ao longo da Quaresma, destacar percursos e testemunhos contemporâneos que «se movem num espaço entre a fé e a falta dela»

Lisboa, 20 fev 2021 (Ecclesia) – Mendo Castro Henriques considera o testemunho de Peter Benenson, fundador da Amnistia Internacional (AI), e o trabalho desta organização como um exemplo de realização “humana”, fruto da consciência que o compromisso individual opera mudanças no mundo.

“O voluntarismo e a paixão que os voluntários colocavam na sua ação, era a sua forma de realização humana e também religiosa. Não era uma máquina para libertar prisioneiros, mas uma forma de as pessoas saírem da sua passividade e ajudarem o próximo, num exercício da fraternidade”, explicita à Agência ECCLESIA, professor de Filosofia Política da Universidade Católica Portuguesa.

A AI, fundada em 1961, é hoje uma organização presente em 150 países que continua a trabalhar pela liberdade de consciência e pela libertação de presos políticos.

A ação da AI, destaca o professor de Filosofia na rubrica da Agência Ecclesia “Gente de pouca fé?”, lança um apelo “a quem anda em busca de valores”.

“A AI foi fundada com o objetivo de ajudar na libertação de presos de consciência que não exerceram violência, mas significa um apelo a quem anda em busca de valores, aos que querem cooperar por um mundo melhor e encontrar uma via concreta pelo idealismo e lutar por uma sociedade mais fraterna e que estão frustrados com as vias tradicionais, como os movimentos politizados”, concretiza.

«Gente de pouca fé?» é um espaço que a Agência ECCLESIA inaugura este domingo com Mendo Castro Henriques, que pretende, ao longo da Quaresma, destacar percursos e testemunhos de contemporâneos que “se movem num espaço entre a fé e a falta dela”.

Os diálogos com o professor de Filosofia vão ser emitidos no programa Ecclesia na Antena 1, em cada domingo, às 06h00, e emitidos nas redes sociais da Agência ECCLESIA pelas 11h30, também ao domingo.

“Quando nos interrogamos sobre que gente tem pouca fé – não sabemos se pouca ou muita, isso fica no interior de cada pessoa, mas aquela que faz a diferença entre ser conformista e a que dá um passo para mudar a sociedade – Peter Benenson surge como exemplo que, juntamente com outros que o seguiram, exemplificou ao fundar a AI”, apresenta.

Falecido em 2005, Peter Benenson “teve uma consciência social muito grande”.

“Formou-se em Direito, trabalhou cívica e também politicamente no Partido Trabalhista, em Inglaterra, mas no final da década de 50, dá-se uma modificação com uma conversão à fé cristã, da qual sempre foi reservado, mas que se concretiza pela fundação da AI”, acrescenta.

Fundada no início da década de 60, num contexto que o Professor reconhece ser uma “janela de esperança”, entre a convocação do Concílio Vaticano II, a liderança do Presidente John F. Kennedy nos EUA, e também a liderança “um pouco mais liberal” de Nikita Khrushchov na União Soviética, a AI destacou-se por uma ação despolitizada, convocando pessoas não religiosas mas também de outras confissões.

«É melhor acender uma vela do que amaldiçoar as trevas» é, recorda Mendo Castro Henriques, a imagem de marca da AI, que traduzia a forma de atuar de Peter Benenson, que ao invés do “queixume ou da vingança”, optava pela denúncia e pela atuação conjunta pela libertação dos presos políticos ou religião.

“As secções, forma como a AI está organizada, cuidam dos direitos dos prisioneiros mas não do seu próprio país; em grupos de três juntavam-se e identificavam três prisioneiros a ajudar numa metodologia de proximidade, fruto de reflexão e discernimento de um pequeno grupo. No primeiro ano atuaram em quatro países”, recorda.

A AI ganhou o Prémio Nobel da Paz em 1977, já sem a presença de Peter Benenson, que saiu três anos após a sua fundação.

“Ele não andou a bater no peito e a dizer «sou um cristão e faço isto». Foi e fez e todos sabiam que era um cristão convertido”, resume.

O programa de rádio da Ecclesia na Antena 1 vai ao longo dos Domingos da Quaresma focar os testemunhos deste espaço «Gente de pouca fé?»

LS

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Agência ECCLESIA

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