Gaza: Patriarcas e chefes das Igrejas em Jerusalém saúdam cessar-fogo e pedem operação humanitária em larga escala

Responsáveis cristãos alertam para violência na Cisjordânia, criticando expansão dos colonatos

Foto: Lusa/EPA

Jerusalém, 15 out 2025 (Ecclesia) – Os patriarcas e chefes das Igrejas em Jerusalém saudaram hoje o cessar-fogo entre Israel e Hamas, apelando a uma intervenção humanitária em larga escala para ajudar a população de Gaza.

“Apelamos a uma rápida intervenção na Faixa de Gaza e noutras comunidades afetadas, não apenas com alimentos, água potável, combustível e suprimentos médicos, mas também com abrigos temporários e instalações médicas – tudo isso como um prelúdio para um programa rápido e exaustivo de limpeza e reconstrução em massa de casas, empresas e infraestruturas civis destruídas”, refere o documento, divulgado pelo Patriarcado Latino de Jerusalém.

Os responsáveis cristãos descrevem o acordo de paz e a libertação de reféns como “um sinal de esperança para a cura e reconciliação” entre israelitas e palestinos.

Na declaração conjunta, as lideranças cristãs dizem regozijar-se “com milhões de pessoas” numa região “devastada pela guerra”, destacando o papel da cimeira de Sharm El-Sheikh.

“Esperamos que esta primeira fase do cessar-fogo sinalize verdadeiramente o fim da guerra de Gaza e que quaisquer desacordos futuros sejam resolvidos através de negociação e mediação”, afirmaram os signatários.

As Igrejas manifestam, no entanto, “grande preocupação” com o aumento da violência na Cisjordânia, associando-a à expansão dos colonatos, sustentando que uma paz “justa e duradoura” requer o fim da ocupação e a criação de um Estado da Palestina, que viva lado a lado com Israel.

“Somente assim uma paz autêntica poderá ser estabelecida na Terra Santa e em todo o Médio Oriente”, sustentam os patriarcas e líderes cristãos.

A declaração deixa palavras de incentivo às comunidades cristãs em Gaza, elogiando “a perseverança na fé” de fiéis e trabalhadores da igreja ortodoxa de São Porfírio, da igreja católica da Sagrada Família e do Hospital Anglicano Al-Ahli.

“Juntamo-nos aos nossos irmãos cristãos e a todas as pessoas de boa vontade para agradecer a Deus por nos ter conduzido a este momento auspicioso”, conclui o comunicado, advertindo que “o trabalho de construção da paz apenas começou”.

Israel anunciou a reabertura, ainda hoje, da passagem de Rafah, entre o Egito e a Faixa de Gaza, permitindo a entrada de 600 camiões com ajuda humanitária, segundo a emissora pública KAN.

A decisão segue-se à libertação de quatro reféns pelo Hamas na noite de terça-feira, no âmbito do cessar-fogo mediado pelo presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump.

O cessar-fogo em Gaza põe termo a quase dois anos de conflito iniciado após a ofensiva israelita de 2023, desencadeada por ataques do movimento islamita palestino Hamas.

OC

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