Gaza: Cáritas une-se a denúncias de ONG contra violência de Israel sobre civis

«Sistema humanitário está a ser deliberada e sistematicamente desmantelado», refere organização católica

Foto: Cáritas Jerusalém

Lisboa, 01 jul 2025 (Ecclesia) – A confederação internacional da Cáritas uniu-se hoje a um apelo de 160 ONG para travar a atuação de Israel na Faixa de Gaza e voltar aos mecanismos de coordenação existentes, liderados pela ONU.

“O sistema humanitário está a ser deliberada e sistematicamente desmantelado pelo bloqueio e pelas restrições do Governo de Israel, um bloqueio agora usado para justificar o encerramento de quase todas as outras operações de ajuda em favor de uma alternativa mortal, controlada pelos militares, que não protege os civis nem satisfaz as necessidades básicas”, indica a organização católica,

A ‘Caritas Internationalis’ refere que os 400 pontos de distribuição de ajuda humanitária que funcionavam durante o cessar-fogo temporário em Gaza foram substituídos por apenas quatro locais de distribuição controlados pelos militares, “forçando dois milhões de pessoas a viver em zonas superlotadas e militarizadas, onde enfrentam tiroteios diários e baixas em massa enquanto tentam aceder a alimentos e lhes são negados outros suprimentos essenciais à sobrevivência”.

“Aqueles que conseguem obter alimentos muitas vezes voltam com apenas alguns itens básicos, quase impossíveis de preparar sem água potável ou combustível para cozinhar”, denuncia a instituição.

Hoje, os palestinos em Gaza enfrentam uma escolha impossível: passar fome ou arriscar ser baleados enquanto tentam desesperadamente chegar aos alimentos para alimentar as suas famílias.”

Segundo o comunicado, as semanas que se seguiram ao lançamento do esquema de distribuição israelita foram “algumas das mais mortíferas e violentas desde outubro de 2023”.

“Em menos de quatro semanas, mais de 500 palestinos foram mortos e quase 4 mil ficaram feridos apenas por tentarem aceder ou distribuir alimentos. As forças israelitas e grupos armados – alguns dos quais, segundo relatos, operam com o apoio das autoridades israelitas – disparam agora rotineiramente contra civis desesperados que arriscam tudo apenas para sobreviver”, denuncia a organização católica.

A Cáritas considera que estas medidas são “concebidas para sustentar um ciclo de desespero, perigo e morte”.

“Com o sistema de saúde de Gaza em ruínas, muitos dos feridos por tiros são deixados a sangrar sozinhos, fora do alcance das ambulâncias e sem acesso a cuidados médicos que poderiam salvar suas vidas”, refere a nota enviada à imprensa.

A organização católica sustenta que a “normalização do sofrimento não pode ser permitida”.

“Reiteramos os nossos apelos urgentes para um cessar-fogo imediato e sustentado, a libertação de todos os reféns e prisioneiros detidos arbitrariamente, o acesso humanitário total em grande escala e o fim da impunidade generalizada que permite estas atrocidades e nega aos palestinos a sua dignidade básica”, conclui a Cáritas.

OC

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