Gaza: Cáritas diz que situação no terreno chegou a «ponto de rutura»

«Sofrimento dos civis atingiu níveis inimagináveis», denuncia organização católica

Foto: Cáritas Jerusalém

Lisboa, 16 jul 2025 (Ecclesia) – A Cáritas Jerusalém lançou um apelo urgente à ação internacional em defesa da população de Gaza, afirmando que a situação no terreno chegou a um “ponto de rutura”.

“A crise humanitária em Gaza atingiu um nível de devastação sem precedentes, uma vez que todos os setores da vida civil estão a entrar em colapso. A situação no terreno tornou-se intolerável e o sofrimento dos civis atingiu níveis inimagináveis”, alerta a organização católica, numa declaração divulgada online.

Segundo a nota, “a fome aguda atingiu toda a população, uma vez que as padarias apoiadas pela ONU estão agora fechadas”.

“Entretanto, o aumento dos ataques a pessoas que procuram ajuda – 758 mortos e mais de 5000 feridos desde 27 de maio – levou à interrupção das entregas de alimentos”, denuncia a Cáritas.

A Caritas Jerusalém apela aos governos, organizações humanitárias, instituições religiosas e pessoas de consciência em todo o mundo para que exijam um cessar-fogo imediato, garantam o acesso humanitário sem obstáculos e assegurem a proteção dos civis, especialmente das crianças e das famílias deslocadas.”

 

Segundo a organização católicas, os hospitais estão sobrecarregados e atuam com “recursos extremamente escassos”, dado que “suprimentos médicos, combustível e camas estão em níveis críticos”.

“Só em junho, foram notificados 484 casos suspeitos de meningite, enquanto as doenças transmitidas pela água e a desnutrição estão a aumentar rapidamente”, pode ler-se.

A nota alerta ainda que o setor da educação “também sofreu perdas devastadoras”.

“Mais de 15 800 estudantes e 700 funcionários da educação perderam a vida, enquanto 85 espaços de aprendizagem temporários foram interrompidos, afetando mais de 33 mil crianças. Como resultado, a educação está praticamente paralisada”, adverte a organização católica de solidariedade e ação humanitária.

A Cáritas Jerusalém estima que 1,3 milhões de pessoas precisem urgentemente de abrigos de emergência e artigos domésticos.

“O acesso humanitário continua a ser severamente obstruído. Mais de 680 camiões permanecem retidos na fronteira e a escassez contínua de combustível ameaça mergulhar Gaza num apagão total de comunicações”, acrescenta o comunicado.

Apesar das dificuldades, a Cáritas permanece no terreno, prestando apoio através de 10 postos médicos e uma clínica central na cidade de Gaza.

“Também oferece cuidados psicossociais a crianças e mulheres traumatizadas, bem como assistência financeira multifuncional para ajudar os mais vulneráveis a satisfazer as suas necessidades básicas. Paralelamente, a Cáritas Jerusalém continua a sua defesa persistente de um cessar-fogo imediato e de uma paz justa e duradoura”, indica o comunicado.

A organização também trabalha na Cisjordânia, onde “a violência contra as comunidades palestinas aumentou recentemente, incluindo na aldeia cristã de Taybeh”.

A 7 de julho, colonos israelitas radicais atearam fogo deliberadamente perto do cemitério da aldeia e da Igreja de São Jorge, do século V.

O Conselho dos Patriarcas e Chefes das Igrejas de Jerusalém visitou Taybeh a 14 de julho e emitiu uma declaração para mostrar solidariedade aos cristãos locais.

O secretário-geral da ONU definiu, esta segunda-feira, como “algo contrário à humanidade a situação de “cinco milhões de pessoas dentro de um país, na sua própria terra, e sem quaisquer direitos”, na Palestina.

António Guterres apelou a um cessar-fogo imediato na guerra de Gaza, considerando necessária “uma solução que garanta que israelitas e palestinianos possam viver as suas vidas”.

A 28 de julho, a Assembleia Geral da ONU vai receber uma conferência internacional sobre os dois Estados, promovida pela França e pela Arábia Saudita.

OC

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