«Braço humanitário da Igreja Católica» alerta que situação atual «ultrapassa quaisquer limites legais e morais»

Cidade do Vaticano, 21 jul 2025 (Ecclesia) – A Cáritas Internacional afirma que “a História não perdoará a barbárie e a cumplicidade” com o que se passa em Gaza, no contexto do ataque de militares israelitas à igreja da Sagrada Família, onde a Cáritas Jerusalém presta apoio humanitário.
“A situação atual ultrapassa quaisquer limites legais e morais. Não é apenas pela sobrevivência e dignidade dos palestinianos que fazemos estas exigências, mas também pela amizade, respeito e preocupação pela honra e dignidade dos judeus de todo o mundo. Queremos paz. Devemos impedir que as sementes de ódio sejam lançadas nos corações dos jovens palestinianos e israelitas, e noutras partes da região”, assinala o “braço humanitário” da Igreja Católica, num comunicado enviado hoje, dia 21 de julho, à Agência ECCLESIA.
A Cáritas Internationalis explica que, hoje, em Gaza, assiste a “uma situação terrível”, como os 50 reféns que “ainda estão detidos pelo Hamas”, desde 7 de outubro de 2023; “toda a Faixa de Gaza está a ser bombardeada e arrasada para a limpar e torná-la inabitável; centenas de milhares de palestinianos estão a ser massacrados: os números oficiais são apenas aqueles que foram declarados mortos em unidades de saúde e sabemos que muitos, muitos mais foram mortos”.
Sobre a situação em Gaza, território palestiniano, a organização católica alerta ainda que as pessoas estão “a passar fome até ao ponto de morrerem de fome”, as crianças são “bombardeadas” enquanto esperam por nutrição terapêutica e vacinas, e “dezenas de pessoas são baleadas diariamente” enquanto esperam por água e comida, contam-se “mais de 750 mortos, mais de 5.000 feridos”.
“As unidades médicas são destruídas e sobrecarregadas, matando doentes e profissionais de saúde, com diarreia e meningite frequentes, para não falar dos feridos de guerra; Centenas de trabalhadores humanitários e jornalistas foram mortos em serviço”, acrescenta.
O mais recente comunicado da Cáritas Internacional, intitulado ‘Gaza: a História não perdoará a barbárie e a cumplicidade’, começam por lembrar o ataque dos militares israelitas à igreja da Sagrada Família, no dia 17 de julho.

No ataque à única paróquia católica do enclave palestiniano, “apenas um dos mais recentes ataques implacáveis contra a população civil de Gaza e aqueles que tentam ajudá-la e levar ajuda humanitária”, três pessoas foram mortas e pelo menos dez ficaram feridas, duas delas em estado grave
A Caritas Internacional, num apelo à ação, junta-se ao Papa Leão XIV no pedido pelo “fim imediato da barbárie da guerra e à resolução pacífica do conflito”.
E, na manhã desta segunda-feira, 21 de julho, Leão XIV renovou o apelo ao “pleno respeito do Direito Internacional Humanitário”, a “obrigação de proteger os civis e os lugares santos”, numa conversa telefónica com o presidente da Autoridade Palestiniana; Mahmoud Abbas telefonou para o Papa e falaram sobre o conflito na Faixa de Gaza e a violência na Cisjordânia.
Como “braço humanitário da Igreja Católica”, a Caritas Internacional apresenta vários pedidos ao Governo israelita, como o fim imediato das “atrocidades e a perseguição aos palestinianos em Gaza e na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental”, um cessar-fogo imediato e permanente para “pôr termo à insuportável perda de vidas e ao sofrimento humano”, e a “libertação imediata” de todos os reféns israelitas e de todos os palestinianos “mantidos sob detenção arbitrária”.
O comunicado informa ainda que a Cáritas Jerusalém, com a Cáritas Internacional, todos os membros em todo o mundo e comunidade humanitária “estão prontos para responder às terríveis condições humanitárias em Gaza de forma imediata e em grande escala”.
A guerra em Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo movimento islamita Hamas, a 7 de outubro de 2023, no sul de Israel, que causaram cerca de 1200 mortos e mais de duas centenas de reféns; a retaliação de Israel já provocou mais de 58 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
CB/PR