G20: Agências católicas de desenvolvimento lamentam que cimeira de Cannes tenha produzido «poucos resultados»

CIDSE mostra-se satisfeita com apoio a imposto sobre transações financeiras e combate à evasão fiscal

Lisboa, 04 nov 2011 (Ecclesia) – A CIDSE, rede internacional de agências católicas de desenvolvimento, mostrou-se satisfeita com o apoio a um imposto sobre transações financeiras, deixado por membros do G20, em Cannes (França), mas lamentou que o encontro tenha produzido “poucos resultados concretos”.

“A cimeira do G20 em Cannes, dominada pela profunda crise do Euro, produziu poucos resultados concretos e ignorou, em larga medida, as prementes questões do desenvolvimento”, refere um comunicado da organização, enviado à Agência ECCLESIA.

Para o secretário-geral da CIDSE, Bernd Nilles, os líderes do G20 “deveriam ter feito muito mais” para promover uma reforma financeira e económica global.

“As preocupações sobre a crise do euro não servem de desculpa para a apatia do G20. De facto, apenas por meio de uma reforma robusta se podem prevenir crises similares no futuro e abrir caminho para um desenvolvimento sustentável”, assinala.

As 16 organizações católicas de desenvolvimento da Europa e da América do Norte – nas quais se inclui a Fundação Fé e Cooperação (FEC), de Portugal – destacam que “novos países” tenham manifestado apoio a um imposto sobre transações financeiras (ITF), entre eles a África do Sul, Argentina ou Brasil.

“Como uma bola de neve, o apoio parece crescer cada vez mais. Devemos avançar para fazer com que este imposto seja uma realidade, rumo a um sistema financeiro mais estável e para financiar os desafios do desenvolvimento e das mudanças climáticas”, indica o comunicado da CIDSE.

Em Cannes, o G20 reforçou o combate à evasão e aos chamados paraísos fiscais.

“O facto de os países do G20 se comprometerem em trocar informação fiscal automaticamente é um desenvolvimento positivo”, declara Bernd Nilles, pedindo atenção aos “locais que tornam a evasão possível”.

A cimeira de dois dias do grupo de 19 grandes economias mais a União Europeia (que em conjunto representam 80 por cento do PIB mundial) terminou hoje.

Os líderes do G20 saudaram os progressos feitos na cimeira de Cannes para tornar o sistema monetário internacional “mais representativo, estável e resiliente”.

“Hoje reafirmámos o nosso compromisso de trabalharmos juntos e tomámos decisões para dar novo vigor ao crescimento económico, à criação de emprego, para garantir a estabilidade financeira, promover a inclusão social e garantir que a globalização serve os interesses das pessoas”, diz o comunicado final.

De acordo com documento, foram estabelecidos princípios entre os líderes com o objetivo de “potenciar a integração financeira” e aumentar a flexibilidade no combate aos “voláteis fluxos de capital”.

OC

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Agência ECCLESIA

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