Futuro da Igreja do Porto depende da força do laicado

Jornadas Diocesanas de Apostolado dos Leigos No sábado, dia 24 de Novembro, tiveram início as oitavas Jornadas dos Leigos, com uma afluência bastante superior à dos anos precedentes. Estavam cerca de 300 participantes vinculados a Movimentos, Associações e Obras laicais, presentes nesta Diocese, e também a muitas Paróquias. O programa, já divulgado anteriormente pela VP e por outros meios, contemplava dois momentos de oração, de acordo com a Liturgia das Horas. O primeiro com a Oração de Tércia, e o segundo, no final dos trabalhos, com a Oração de Vésperas de Jesus Cristo, Rei do Universo. O Movimento Neo-Catecumenal preparou e orientou estas orações. A reflexão central da manhã esteve a cargo do P. António Augusto de Oliveira Azevedo, Professor de Filosofia na Universidade Católica do Porto e Educador no Seminário Maior do Porto, que desenvolveu o tema: Mistério da Fé para a Salvação do Mundo, com base nas partes 1.ª e 3.ª da Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis (SC) do Papa Bento XVI. Recorde-se que a 2.ª parte deste Documento foi abordada, em Setembro passado, aquando a Assembleia dos Dirigentes das Associações, Movimentos e Obras laicais. O Conferencista começou por explicar o título do tema, vincando a relação indissociável entre a Eucaristia, Mistério acreditado (1.ª parte da Exortação) e Mistério vivido (3.ª parte) e o seu dinamismo para a Salvação do Mundo. Daí que a Eucaristia é Mistério da Fé para a Salvação do Mundo. Assim o proclama o sacerdote, logo após as palavras da Consagração. De seguida, foi explanando o significado de Mistério da Fé, à luz do documento citado. Pondo ênfase na eficácia de uma Eucaristia bem vivida que, dizia, ser melhor do que uma catequese, interpelou a Assembleia a pensar no Deus que vem a este Mistério da Eucaristia.A nossa fé deve levar-nos a responder que é o Deus Trinitário que guia toda a História de Salvação. Por isso, devemos acolher, celebrar e adorar este dom trinitário. Deste modo, todos os outros Sacramentos têm uma relação essencial com a Eucaristia “… a Santíssima Eucaristia leva à plenitude cristã e coloca-se como centro e termo de toda a vida sacramental.” (n.º 17 da SC.). O conferencista concluiu este 1.º ponto, dizendo que, celebrando melhor este Sacramento, então perceberemos que a Eucaristia é para a Salvação do Mundo. Entrando na 3.ª parte do documento: Eucaristia, Mistério vivido, o orador insistiu na necessidade das comunidades cristãs viverem com fé a Eucaristia e de fazerem, entre elas, a experiência da comunhão em Deus – Amor. A nossa sociedade hodierna, comentava, é uma sociedade em que o sentido de identidade e de pertença se diluiu. Por isso, dizia ser necessário mais do que nunca existir comunidades cristãs com uma experiência viva de comunhão. E a Eucaristia leva à missão. Uma Igreja, autenticamente eucarística, é missionária. Os cristãos têm que ser testemunhas de salvação do mundo – “A missão primeira e fundamental, que deriva dos santos mistérios celebrados, é dar testemunho com a nossa vida.” (n.º 85 da S C), através da nossa palavra, modo de ser, de estar e deve ser Outro que apareça, que se comunica. Os cristãos estão chamados a renovar o Mundo e o Mundo interpela-os de muitas maneiras: fome, injustiças e outras tantas carências e desvios. Mas temos fé, temos esperança de que “o mal não tem a última palavra”. A reflexão terminou com um gesto de fé humilde do P. António Augusto ao proclamar: “Salvador do Mundo, salvai-nos! Vinde Senhor Jesus!” A esta profunda reflexão, seguiu-se um interessante diálogo entre a Assembleia e o conferencista que deixou a todos uma mensagem de Esperança na descoberta do Mistério da Fé e na esperança de evangelizar o mundo. Exortou ainda à criação de comunidades vivas onde se sinta o pulsar da fé e se possa dizer: Vem, vê e experimenta. D. António Taipa, Assistente da Equipa organizadora destas Jornadas, testemunhou a sua alegria pela riqueza desta manhã e pela numerosa Assembleia presente. Convidou todos a amar apaixonadamente a Cristo para assim O darem a conhecer ao Mundo. O exemplo do cristianismo na Ásia A tarde começou com o trabalho de grupos, centrado nas duas abordagens do tema: 1- Mistério da fé – Mistério acreditado; 2- Mistério vivido – Eucaristia e compromisso no Mundo. Ao plenário, chegaram várias reflexões que convergiram essencialmente na necessidade experimentada de se aprofundar mais no Mistério da Eucaristia para melhor o viver e o poder levar ao Mundo, através dum compromisso sério de estar com os irmãos, sobretudo com os mais carenciados. Nas palavras finais que D. Manuel Clemente dirigiu a todos os presentes, o Bispo da Diocese salientou, em primeiro lugar, a coincidência da Igreja celebrar neste dia os mártires (a maior parte deles leigos) do Vietname e da Coreia que, no século XVIII, deram a sua vida por Cristo. Hoje, comentava D. Manuel, o cristianismo nestes países asiáticos está a crescer, contrariamente ao que acontece na Europa. E foram os leigos que levaram o cristianismo à Coreia, ou seja, o cristianismo sobreviveu neste país, graças à acção evangelizadora do laicado. Deste tipo de leigos, intrépidos cristãos, parece que o Bispo julga encontrar a solução para o estado actual desta Diocese. Num tom convincente, afirmou: Diante da escassez do clero, o futuro da Igreja do Porto depende da força do laicado. Também pede aos leigos que se empenhem na “Nova Evangelização”, buscando novos métodos, novas expressões para se evangelizar mais em consonância com as formas actuais de comunicação. Mas tudo isto animado por um novo ardor apostólico, alimentado na oração pessoal e comunitária e nos Sacramentos, sobretudo na Eucaristia. E que o “Ide em paz”, proferido pelo sacerdote, no final da Eucaristia, leve a todos a senti-lo como um envio a partir para as suas casas, trabalhos… a evangelizar. Não teremos vida de Igreja se não formos missionários. Igreja e missão são inseparáveis. Terminado este dia de sábado, tão enriquecedor para todos os participantes, concluímos, no dia seguinte, as Jornadas, na Sé, participando na Eucaristia da Solenidade de Cristo Rei, à qual presidiu também D. Manuel Clemente. A Comissão organizadora das Jornadas

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