Futuro Cardeal Joseph Zen contra críticas da China

O Bispo de Hong Kong e futuro Cardeal Joseph Zen respondeu às críticas da Associação Patriótica Chinesa (APC) sobre a nomeação cardinalícia, sublinhando que a associação tem receios da normalização das relações entre Pequim e o Vaticano. O vice-presidente da APC, Igreja autorizada pelo governo chinês, criticou Bento XVI por ter escolhido D. Joseph Zen sem consultar a liderança chinesa. Liu Bainian, da APC, afirmou que “o bispo Zen é uma ameaça para o governo de Pequim, assim como o Papa João Paulo II o foi para o regime comunista da Polónia”. Embora o Partido Comunista Chinês se declare oficialmente ateu, a Constituição chinesa permite a existência de cinco Igrejas oficiais (Associações Patrióticas), entre elas a Católica, que tem 5,2 milhões de fiéis. Segundo fontes do Vaticano, a Igreja Católica “clandestina” conta mais de 8 milhões de fiéis, que são obrigados a celebrar missas em segredo, nas suas casas, sob o risco de serem presos. O futuro Cardeal chinês escreveu uma mensagem, que foi datada e assinada na passada quinta-feira, difundida em inglês e em chinês pela página Web de sua diocese (www.catholic.org.hk). No texto, revela que “todos já sabem que a Santa Sé está disposta a transferir a sede diplomática de Taiwan para Pequim”. “As relações diplomáticas são certamente uma questão política, mas a Santa Sé não tem interesses políticos, menos ainda ambições políticas. A única esperança do Santo Padre é que os fieis chineses possam gozar da liberdade religiosa real”, assegura. O ministro de Negócios Estrangeiros da China, Li Zhaoxing, pediu na semana passada ao Vaticano que “não se relacione com províncias e localidades da China”, em resposta à recente nomeação do Bispo de Hong Kong como Cardeal. O governo chinês já aconselhou D. Joseph Zen, a evitar discutir e levantar questões políticas. A China disse repetidamente que, para restabelecer os laços diplomáticos com o Vaticano, Roma deve em primeiro lugar deixar de reconhecer Taiwan como um Estado soberano e comprometer-se a não intervir nos assuntos internos chineses. Vários contactos informais têm sido desenvolvidos desde que Bento XVI sucedeu a João Paulo II, fazendo do estabelecimento de relações diplomáticas com a China uma das suas prioridades. A Associação Patriótica Católica, contudo, vê esses novos elementos de diálogo entre a China e o Vaticano como um perigo para a organização.

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