Futura beata portuguesa, modelo face à crise

Madre Maria Clara do Menino Jesus (1843-1899) apresentada como «exemplo» cristão face à injustiça e ao sofrimento

Lisboa, 25 Jan (Ecclesia) – A irmã Maria Clara do Menino Jesus (1843-1899), que vai ser beatificada em 2011, foi “um exemplo de atitude cristã face à injustiça e à dor”, refere João César das Neves, autor da obra «Os Santos de Portugal».

Num texto hoje publicado no semanário Agência ECCLESIA, que apresenta um dossier sobre a futura beata, César das Neves refere que “o elemento fundamental” da obra de «Mãe Clara», como é conhecida, “que a coloca para sempre na história de Portugal são milhares e milhares de pobres, doentes, desamparados crianças e infelizes acolhidos, tratados, ajudados, encaminhados”.

O especialista sublinha que “dos três grandes ataques que o Liberalismo lançou contra a Igreja após o período revolucionário, a Mãe Clara esteve directamente ligada a dois, sendo protagonista principal de um deles”.

Em questão estão “o caso das Irmãs da Caridade, expulsas em 1862 –  de que Libânia do Carmo era aluna e de cujo Pensionato foi forçada a sair”, “o caso Sara de Matos, falecida em 1891 numa das casas da Congregação fundada pela Mãe Clara” e “o caso Rosa Clamon, de 1901, já posterior à sua morte”.

“Pode assim dizer-se que esta vida esteve mesmo no centro da terrível provação que a Igreja portuguesa sofreu nessas décadas”, escreve.

Libânia do Carmo Galvão Meixa de Moura Telles e Albuquerque nasceu na Amadora, em Lisboa, a 15 de Junho de 1843.

Recebe o hábito de Capuchinha, em 1869, tomando o nome de Irmã Maria Clara do Menino Jesus.

É enviada a Calais, França, a 10 de Fevereiro de 1870, para fazer o Noviciado, na intenção de fundar, depois, em Portugal, uma nova Congregação.

Funda a primeira comunidade da Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição (CONFHIC) em S. Patrício – Lisboa, no dia 3 de Maio de 1871 e, cinco anos depois, a 27 de Março de 1876, a Congregação é aprovada pela Santa Sé.

Ao longo da sua vida abre grande número de casas para recolher pobres e necessitados, em Portugal, e envia Irmãs para as Missões: Angola, Goa e Guiné-Bissau.

Morreu em Lisboa, no dia 1 de Dezembro de 1899, mas o seu processo de canonização apenas viria a iniciar-se em 1995.

“Vivendo numa época marcada pelo poder liberal, viu a sua Congregação ferozmente atacada, como alvo de toda a perseguição à Igreja, em Portugal. No meio das calúnias mais ignominiosas e humilhantes que o jacobinismo português levantou às Irmãs, através da imprensa nacional e estrangeira, a Madre Maria Clara mostrou-se sempre forte e digna, resoluta e prudente, superior a todo o vexame e a qualquer ofensa”, assinala a CONFHIC.

O milagre atribuído à Mãe Clara ocorreu a 12 de Novembro de 2003, em Baiona (Espanha), numa “devota” que, em 1998, foi ao seu túmulo e pediu a cura de um pioderma gangrenoso (doença cutânea ulcerativa).

Esta religiosa do século XIX vai juntar-se, assim, a cinco portugueses beatificados nos últimos dez anos: os Pastorinhos Francisco e Jacinta, de Fátima (13 de Maio de 2000); frei Bartolomeu dos Mártires (4 de Novembro de 2001); Alexandrina de Balasar (25 de Abril de 2004, no Vaticano) e Rita Amada de Jesus (28 de Maio de 2006, em Viseu). Também neste período foi beatificado o Imperador Carlos de Áustria (3 de Outubro de 2004), que faleceu no Funchal.

A estas beatificações soma-se a canonização de Nuno Álvares Pereira, o Santo Condestável, que aconteceu a 26 de Abril de 2009, no Vaticano.

OC

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Agência ECCLESIA

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