Osservatore Romano denuncia «execução» premeditada Está marcado para o próximo dia 20 de Julho o funeral do Bispo D. Luigi Locati, missionário assassinado no Quénia na passada quinta-feira. A cerimónia contará com representações dos Bispos e do clero local, para além de representantes da diocese de origem de D. Locati. O Arcebispo de Vercelli, D. Enrico Masseroni, assegura que os restos mortais do prelado regressarão à Itália, mas explica que isso não acontece de imediato “devido à delicada situação no Quénia”. A polícia queniana afastou qualquer ligação entre o assassínio do bispo italiano e incidentes violentos entre clãs ocorridos no norte, sem avançar o motivo do crime. D. Luigi Locati, 77 anos, foi morto a tiro na quinta-feira à noite em Isiolo, no centro do Quénia, onde exercia o seu ministério. Na semana passada estalaram no nordeste do país incidentes violentos entre clãs. Estes ataques e as operações das forças de segurança saldaram- se em cerca de 100 mortos. Os missionários no local prestaram ajuda às vítimas e denunciaram o caso, pelo que a polícia pensou inicialmente que o assassínio do Bispo estivesse relacionado com os incidentes. O Papa já manifestou a sua profunda tristeza pelo “bárbaro assassinato” do Bispo missionário, para além de agradecer o seu testemunho evangélico e a promoção da dignidade humana enquanto esteve no Quénia (desde 1962). Bento XVI enviou este sábado telegramas ao Núncio Apostólico no Quénia, à diocese de Isiolo e aos familiares do prelado assassinado, através do Cardeal Angelo Sodano, Secretário de Estado do Vaticano. O Papa reza para que a morte do Bispo missionário “possa servir para o caminho de paz e de reconciliação ao qual ele dedicou a sua vida até ao fim”. Bento XVI recebera D. Luigi Locati, no Vaticano, no passado dia 25 de Maio. O jornal do Vaticano, “L’Osservatore Romano”, dedicou a primeira página da sua edição de Domingo à memória de D. Locati, sublinhando “o sentimento de profunda comoção” que a sua morte provocou. “O brutal assassinato do bispo Luigi Locati, vigário apostólico de Isiolo suscitou vivíssima emoção entre todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo”, refere o jornal. No artigo assegura-se que a morte do prelado foi “uma verdadeira execução, perpetrada por alguns assassinos que armaram uma emboscada” matando-o com um tiro na cabeça e outro na garganta. Tobias Oliveira, missionário português em Nairobi, relatou a situação num artigo publicado na “Fátima Missionária” on-line, referindo que “o fundamentalismo muçulmano tem-se manifestado em Isiolo desde há muito, mas especialmente nos últimos meses”. Segundo o missionário, duas escolas católicas foram invadidas e forçadas a fechar e a insistência do Bispo para as reabrir “é talvez a razão da sua morte”. “Em tal caso, este assassínio é um autêntico martírio fruto do ódio à fé católica”, conclui.
