Presidente da Cáritas Portuguesa responde a críticas sobre a iniciativa e anuncia reforço da sensibilização a partir de Setembro
O presidente da Cáritas Portuguesa está desapontado com as verbas recolhidas até agora pelo Fundo Social Solidário – perto de 33 mil euros – mas está confiante num crescimento significativo depois do período de férias.
“Acho que esse valor está muito aquém das expectativas que temos”, disse Eugénio Fonseca à Agência ECCLESIA, acrescentando que “a comissão animadora do Fundo tem como intenção reforçar a sensibilização em Setembro”.
O presidente da instituição de apoio social da Igreja Católica reconheceu que a iniciativa “foi lançada num tempo em que as pessoas estavam mais motivadas para outras coisas importantes da vida, como é o lazer depois de um ano de trabalho”.
O reforço da divulgação vai ser feito em órgãos de comunicação social nacionais e regionais e também nas comunidades cristãs, quando estas retomarem as suas actividades pastorais.
“Tratando-se de um Fundo da Igreja, ele terá de ser prioritariamente alimentado pelos católicos, embora todas as pessoas de boa vontade se possam juntar a esta corrente de solidariedade”, frisou o responsável.
Eugénio Fonseca recordou o apelo que o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, D. Carlos Azevedo, lançou aos cristãos, “em particular aos que têm maiores responsabilidades cívicas e maior poder económico”.
O responsável admitiu que as pessoas possam estar saturadas de campanhas de angariação de donativos, mas entende que não é essa a principal causa da desmobilização em torno do Fundo Social Solidário.
“Tenho muita dificuldade em apontar esse motivo porque já várias vezes me enganei. Quando ocorreram as cheias na Madeira [a 20 de Fevereiro de 2010], tínhamos acabado de sair de uma campanha para o Haiti e as pessoas foram igualmente generosas”, referiu Eugénio Fonseca.
A iniciativa, promovida pela Cáritas, União das Misericórdias, Sociedade São Vicente de Paulo e Comissões Justiça e Paz, tem suscitado algumas críticas, nomeadamente da parte de quem defende “que se deveria dar trabalho em vez de dinheiro”.
“Acho que as pessoas privadas de aceder a bens alimentares, garantir a sua habitação ou continuar com os filhos na escola não gostarão que se ponha em causa esta prestação pecuniária”, salientou Eugénio Fonseca, acrescentando que sem ela os beneficiários não conseguirão esses recursos essenciais, “pelo menos até encontrarem emprego”.
Por outro lado, salienta Eugénio Fonseca, o Fundo Social Solidário também prevê a criação de “competências para que as pessoas possam encontrar trabalho com mais facilidade”, mediante uma capacitação “através de pequeninas acções de promoção humana”.
No seguimento da convicção manifestada por D. Carlos Azevedo em Dezembro de 2009, quando afirmou que “trabalho para todos não vai haver mais”, o presidente da Cáritas Portuguesa considera que actualmente “é muito difícil” obter emprego.
O regulamento do Fundo vai ficar brevemente disponível na Internet e será disponibilizado em papel a todas as paróquias de Portugal.