Paróquia onde foi batizada há 99 anos assinalou a data com um programa de rádio
Fundão, 23 julho 2020 (Ecclesia) – O padre Hélder Lopes, pároco do Fundão, a terra natal de Amália Rodrigues e onde foi batizada, assinalou a data em programa radiofónico e revela que a cidade “nutre grande carinho e saudade” pela fadista.
“Nem fazia ideia que Amália era do Fundão, quando assumi a paróquia há um ano, e disseram-me que tinha sido batizada aqui; no princípio do mês de julho quando começou a ser celebrado o centenário de nascimento fui aos serviços da paróquia saber quando tinha sido e vi que foi a 6 de julho de 1921, há 99 anos”, conta o pároco à Agência ECCLESIA.
O sacerdote não quis deixar passar a data, sendo assinalada no programa radiofónico, aos domingos de manhã que a paróquia tem e que o obrigou a “ir descobrir mais sobre a fadista, sua vida e obra”, não sendo grande apreciador de fado na juventude mas gostando cada vez mais.
“Por exemplo há um tema que me levantou muitas interrogações, “Oh Gente da Minha Terra”, a música muito cantada agora pela Mariza, até questionei a várias pessoas se a Amália, ao cantar esta música pensaria nas pessoas da sua terra, aqui do Fundão, por ser uma música muito melancólica e com história de tristeza. A Amália teve alguns dissabores aqui no Fundão, ela não foi bem acolhida no início da sua carreira quando tinha apenas 20 anos e isso marcou-a para o resto da sua vida”, afirma.
O padre Hélder Lopes explica que “há familiares de Amália ainda vivos e a viverem aqui na cidade”, com quem se costuma cruzar, e lamentam que o Fundão não tivesse reconhecido a fadista.
“Diziam-me há dias que se o Fundão tivesse acolhido de outra forma provavelmente a casa museu não estaria em Lisboa mas aqui, ou até um pólo dessa casa para fazer a ligação com a sua terra natal e onde viveu a infância”, relata.
Apesar de “não ter sido bem acolhida pela elite da altura”, a cidade atualmente “tem pena disso” e “hoje mesmo há uma grande festa da Amália, com inauguração de um grande mural e apresentação de um livro com testemunhos de amigos seus”.
O pároco do Fundão refere que a igreja paroquial, onde Amália foi batizada, “está sempre aberta e até tem tido algumas visitas com curiosidade sobre o batismo”.
“Ainda de referir que o meu antecessor, o padre Barreiros, que assumia a paróquia na data de falecimento da Amália celebrou aqui na Igreja paroquial uma missa de homenagem, com fados e guitarras portuguesas, ele mesmo correspondia-se com a fadista notando nela uma espiritualidade muito grande”, conta.
Com estes exemplos e uma ligação forte da paróquia ao fado, por intermédio de uma IPSS que “costuma organizar noites de fado” o padre Hélder Lopes equaciona que no próximo ano a data de batismo de Amália seja assinalada com “uma missa fadista”.
SN