Fundação São João de Deus

Em tempo de aniversário, a Ordem Hospitaleira procura novas respostas para o seu trabalho, perante os desafios da sociedade actual Foi oficialmente lançada a Fundação São João de Deus, um projecto que tem por objectivo angariar fundos e estabelecer parcerias nas áreas da saúde, com IPSS, Fundações e ONG’s que trabalham pela solidariedade social em prol do desenvolvimento humano. Em desenvolvimento está a primeira campanha «Inocentes de Guerra» que tem recolhido “grandes apoios”. De qualquer forma “neste momento vamos ainda começar os contactos com as “grandes empresas e entidades não oficiais”, explica o Presidente da Fundação, Paulo Bernardino. Uma iniciativa que prevê o auxílio de crianças vítimas de minas anti-pessoais e da poliomielite infantil. Prevê-se que “em Setembro possamos receber já as crianças para efectivar e aplicar as receitas da campanha”, dá conta Paulo Bernardino à Agência ECCLESIA. Maria Cavaco Silva, presidente da mesa na apresentação da Fundação expressou a “profunda admiração que tem pelos Irmãos São João de Deus”. A primeira dama recorda uma visita recente a uma das casa da Ordem Hospitaleira, a casa de São José, em Vilar de Frades, onde desenvolvem um trabalho “muito difícil”. Por isso destaca a importância de toda a sociedade civil poder envolver-se nesta causa, porque considera ser imprescindível as pessoas “marcarem a sua posição”, sem que isto tire espaço ao Estado, “que tem as suas obrigações para cumprir, mas os cidadãos também têm deveres igualmente importantes”. Maria Cavaco Silva destaca ainda a possibilidade de se estabelecerem pontes entre outros países, através da entre-ajuda. Nas palavras que a Presidente da mesa dirigiu à vasta Assembleia presente no Centro Ismaili, sublinhou a representatividade de «aldeia global» presente na sala. “Mas uma aldeia global fraterna, que faz continuar a obra de 400 anos da Ordem Hospitaleira”, por quem nutre especial admiração “pelo trabalho e persistência”. Maria Cavaco Silva sublinhou que “na sociedade actual já não é suficiente o voluntarismo, mas cada vez mais são precisas instituições de solidariedade social”, por isso enaltece o lançamento oficial da Fundação, capaz de chegar a vários países e que demonstra que “a cooperação entre instituições é o caminho a seguir”. Ramalho Eanes quis lembrar o papel da sociedade em situações de crise. O ex-Presidente da República apontou que “na sociedade actual está em risco a liberdade mas também a qualidade de vida, no entanto há ainda lugar para a esperança”, referindo-se à Fundação que foi agora lançada “um projecto que o tempo tornou mais indispensável que nunca”. Paulo Bernardino, Presidente da Fundação São João de Deus, lembra que o fundador da Ordem e do carisma “foi descendente de judeus e esteve ao serviço de muçulmanos”, convertendo-se depois ao cristianismo. O Presidente da Fundação caracteriza este trabalho “não só da Ordem, mas este é um projecto que diz respeito à Igreja”, existindo uma “lacuna a nível social que a Igreja ainda não conseguiu ultrapassar”. Com vista à mobilização de pessoas e de fundos “acredito que se podem mobilizar parcerias ao mais alto nível para desenvolver um trabalho de acção social. Não é possível trabalhar sozinho, só com equipas multidisciplinares a nível nacional e internacional”, apontou Paulo Bernardino. A esmola que o fundador pedia ganha agora contornos de partilha visando dar mais possibilidades a quem não as tem, “com a ajuda e generosidade de todos”. Actualmente é impensável não falar do marketing, da comunicação e das novas tecnologias e Paulo Bernardino sublinha que “não as utilizar é quase um pecado”. A transparência, o dar conta do que se recebe deve fazer parte da forma como se trabalha, “também em Igreja”. Não é possível governar hoje a Igreja sem uma gestão profissional, transparente e eficaz. “Há uma crise do Estado providência que pede uma intervenção da sociedade. Mas há também uma atenção deste para estabelecer parcerias com entidades e pessoas credíveis, e penso que o caminho passa por ai”. A Fundação São João de Deus está a dar os primeiros passos mas obteve já o Estatuto de Utilidade Pública e o estatuto de Organização Não-governamental para o Desenvolvimento, com o reconhecimento por parte do Estado. O Irmão José Paulo Pereira, provincial da Ordem São João de Deus lembrou que a Ordem Hospitaleira tem a missão de dar um contributo às pessoas “especialmente às que sofrem e aos excluídos”. Há muito tempo que os Irmãos São João de Deus trabalham com os pobres e a Fundação continua essa missão, “agora de uma forma nova, diferente, mas chegando a um número maior de pessoas que compõem a sociedade civil, de forma a que possam contribuir para que outras pessoas possam ter mais e uma vida mais qualitativa”. O protagonismo é assumido por diversas entidades que são chamadas a dar voz a esta causa. Também São João de Deus “não procurou protagonismo”, apenas iniciou uma grande obra. “O fundador pedia esmola e tratava dos seus doentes”, lembra o provincial, que recorda que desde sempre “tivemos muitos colaboradores” – em Portugal contabilizam 1000, na Ordem perto de 50 mil, num total de 1300 irmãos “que são poucos e estão na retaguarda, procurando transmitir o carisma”. Reunidos em Capítulo Provincial desde ontem – dia 11 e até ao dia 14, a Ordem dos Irmãos São João de Deus, manifesta o objectivo de “procurar novas formas de continuar a missão, de forma actualizada e respondendo às exigências e a novas necessidades que sempre surgem”. O objectivo é “continuar sempre a missão”, sublinha o ainda provincial. Presença no Capítulo é a do Superior Geral da Ordem de São João de Deus, o irmão Donatus Forkan, que pela natureza da sua função preside ao encontro. O Superior Geral está a percorrer as várias províncias de forma a “transmitir a sua vasta experiência” – viveu quase 20 anos na Coreia como missionário – tendo por isso “um vasto conhecimento da Ordem e do trabalho solidário”. A sua presença garante “bons contributos e sérios alertas na forma como desenvolvemos a nossa missão”, adverte o Irmão José Paulo Pereira.

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Agência ECCLESIA

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