Desertificação e desnutrição são campo privilegiado para projectos financiados por organismo criado por João Paulo II O Vaticano revelou em comunicado os resultados da acção desenvolvida pela Fundação “João Paulo II para o Sahel”, que desenvolve uma série de projectos em nove países africanos, incluindo em Cabo Verde e na Guiné-Bissau. Segundo a nota oficial do Conselho Pontifício “Cor Unum”, o braço operativo do Papa para as acções de caridade, em Cabo Verde a acção da Fundação tem como principal objectivo o combate à “erosão maciça do solo”. Na zona de São Filipe, Ilha do Fogo, a Fundação do Vaticano apoiou a construção de quatro diques que “ajudaram a reduzir o fenómeno e utilizar a água recuperada para resitituir à agricultura e à pastorícia zonas que se estavam a desertificar”. A vegetação multiplicou-se imediatamente, ajudando a “prevenir a extinção de muitas espécies animais”. Em Campanas, a Fundação financiou a plantação de uma floresta de eucaliptos, acácias e árvores de fruto, destinadas a combater a fome e à produção de lenha, “bem precioso e muito procurado”. Quanto à Guiné-Bissau, o organismo do Vaticano está empenhado na luta contra a malnutrição, “particularmente perigosa para os recém-nascidos e as mulheres grávidas”, promovendo a produção de produtos multivitamínicos à base de frutos locais e graças à difusão da medicina natural, de tradição secular no país. Esta Fundação, instituída por João Paulo II a 22 de Fevereiro de 1984, é confiada ao Conselho Pontifício “Cor Unum” e tem a finalidade de ajudar as populações do Burkina Fasso, Níger, Mali, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Mauritânia, Senegal, Gâmbia e Chade. O organismo tem por objectivo formar animadores, agentes sanitários, hidráulicos, talentos civis, mecânicos, agricultores, criadores de gado e silvicultores. O seu trabalho passa pela gestão e protecção dos recursos naturais, a luta contra a sede e a desertificação, o desenvolvimento rural e a luta contra a pobreza, procurando envolver activamente as populações locais, com abertura às diversas religiões. Só em 2008, foram financiados 208 projectos nos referidos países, num valor total que supera os dois milhões de dólares. Segundo o Vaticano, são “iniciativas exemplares, que mudam a vida de aldeias inteiras, envolvendo as comunidades locais”.