Tristemente célebre pelas imagens da fome que passa em todo o mundo, a Etiópia é um grande país com mais de 75 milhões de habitantes. O número de católicos é de 586 mil, menos de 1% da população. Os cristãos (37,5%) são na sua maioria ortodoxos e os muçulmanos são 45% dos habitantes do país, com mais de um milhão de quilómetros quadrados.
O Cristianismo, que segundo a tradição da Igreja etíope teria chegado ao país no tempo dos apóstolos, foi assumido como religião de Estado no séc. IV século. Axum, onde tudo começou, foi cristã ainda antes de boa parte da Europa.
Apesar das muitas destruições verificadas no decurso das guerras cristãs-muçulmanas da primeira metade do século XVI, os dois milénios de história cristã da Etiópia são testemunhados por um imponente património de igrejas e mosteiros. Lalibela é mesmo considerada a Jerusalém etíope, com o seu complexo de igrejas, em que se destaca Bet Giorgis, com o seu tecto achatado em forma de cruz grega na superfície de rocha em que foi escavada.
O Cristianismo glorioso, exótico e repleto de história é o orgulho do povo etíope, mas a sobrevivência da fé está em risco. Uma complexa mistura de problemas, antigos e novos, ensombra o futuro de inúmeras comunidades cristãs. Nalguns locais, os desafios são tão avassaladores que ameaçam eliminar a presença da Igreja, num lugar que a história exalta como o bastião do Cristianismo em África.
O Arcebispo Berhaneyesus Souraphiel de Adis Abeba é o responsável máximo de uma diocese do tamanho do Uganda. Lidera uma Igreja cuja herança na Etiópia enfrenta actualmente numerosas seitas, sendo muitas delas cristãs apenas de nome, que estão a forçar o povo a converter-se. Outro problema sério é a opressão que persiste, mais de quinze anos após a queda do regime comunista. Mas o mais preocupante a longo prazo é o crescimento do Islão militante, que está a penetrar no país pelo Leste, principalmente pela Somália.
A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) visitou recentemente a Etiópia e encontrou sinais de que finalmente o país está a começar a acordar do pesadelo da fome, das doenças e da opressão que durou décadas. Um elevado número de jovens desejam entregar a sua vida a Cristo e a AIS prometeu apoiar os seminaristas, as religiosas, os catequistas e outros leigos, a fim de os preparar para o serviço na Igreja. Capelas, igrejas, centros pastorais, conventos e mosteiros estão a ser construídos com o apoio da AIS.
Na recém-criada Diocese de Emdibir, numa das regiões mais pobres da Etiópia, D. Musie Gebreghiorghis contou à AIS: "Começámos do zero, mas estamos a avançar. Temos de construir passo a passo e confiar em Deus. Obrigada por tudo o que estão a fazer por nós. É espantoso!" Ele e muitos outros precisam desesperadamente do apoio da Fundação AIS.
O papel vital da Igreja na área da educação e da saúde significa que os líderes católicos constituem uma voz importante para o povo, dando apoio vital no combate à iliteracia e à Sida.
Entretanto, com o aumento vertiginoso do número de novos católicos, os bispos têm enviado à AIS sucessivos pedidos de ajuda, apoio para sacerdotes em áreas afectadas pela pobreza, construção de igrejas e formação para o crescente número de seminaristas, religiosas e catequistas. E a lista continua.
Sublinhando a urgência da situação, o Arcebispo Berhaneyesus afirmou: "É muito difícil recebermos a ajuda que pedimos e é por essa razão que a AIS é tão importante. Neste momento o essencial é o apoio a uma Igreja em crescimento. A quem podemos dirigir-nos senão a vós?".
A Ajuda à Igreja que Sofre destinou, em 2008, mais de 620 mil Euros para o país, incluindo o auxílio para os muitos habitantes da Eritreia que ali se refugiaram, em dois campos.
AIS
Em todo o mundo existem milhões de pessoas que sofrem perseguição religiosa. Ajudar quem passa por estas situações e informar a opinião pública sobre as mesmas tem sido o mote da acção da AIS, uma organização dependente da Santa Sé cujo objectivo é apoiar projectos pastorais nos países onde a Igreja Católica está em dificuldade. A Organização tem secretariados nacionais em dezassete países da Europa, na América e na Austrália, apoiando mais de cinco mil projectos todos os anos em cerca de 140 nações de todos os continentes.