D. Nuno Brás afirmou que pergunta que «choca» é se homens e mulheres do século XXI podem «acreditar em Alguém que foi crucificado»
Funchal, Madeira, 18 abr 2025 (Ecclesia) – O bispo do Funchal refletiu se os “homens e mulheres do século XXI” podem “acreditar em Alguém que foi crucificado”, entregar-lhe “toda a vida”, na celebração a Paixão do Senhor, de Sexta-Feira Santa, na igreja da Sé.
“Sim. O que nos torna cristãos é, precisamente reconhecermos Deus que, pregado na cruz, nos ama e nos salva. É reconhecermos no madeiro da cruz Aquele que hoje nos pode salvar”, disse D. Nuno Brás, esta tarde, na homilia da celebração enviada à Agência ECCLESIA.
O bispo do Funchal explicou que se antes todas as esperanças humanas terminavam no abismo da morte, “Aquele que morreu na cruz estendeu, por entre esse abismo que nos separava de Deus, uma ponte que permite ver, viver, esperar a Vida Eterna”.
Na homilia de Sexta-Feira Santa, intitulada ‘Acreditar e esperar no Crucificado’, D. Nuno Brás perguntou se podem os “homens e mulheres do século XXI, acreditar, quer dizer: entregar toda a vida a este Jesus morto na cruz?”
“A pergunta choca, mas temos de a colocar: podemos nós, homens e mulheres do século XXI, acreditar em Alguém que foi crucificado? Podemos entregar-lhe o que pensamos, o que fazemos, o que somos? E, ainda mais: podemos acreditar no testemunho de João? Podemos acreditar no modo como ele lê para nós o significado dos acontecimentos, e fazê-lo nosso?”, desenvolveu.
D. Nuno Brás explica que São João, “o discípulo amado, foi capaz de ir além dos simples acontecimentos” no Evangelho que escreveu, onde “não lhe bastou o simples enumerar de factos”, mas em cada acontecimento da vida de Jesus, “ele percebia o cumprimento das Escrituras, a realização do plano de Deus”, e reconheceu-o “no final do seu evangelho”.
“Para a esmagadora maioria dos habitantes de Jerusalém, Jesus foi apenas um condenado por se fazer Filho de Deus; para os chefes judaicos, tratava-se de defender as prerrogativas que lhes conferiam alguma independência em relação a Roma; para os soldados era apenas mais um crucificado, entre tantos que Pilatos condenara; mesmo para a maioria dos discípulos de Jesus, o que naqueles dias sucedeu em Jerusalém constitui uma desilusão, uma derrota”, assinalou na celebração da Paixão do Senhor, que presidiu na Sé.
O bispo do Funchal, nesta Sexta-Feira Santa, preside também à Procissão do Enterro do Senhor, que se realiza após esta celebração.
CB