Guilherme Silva, vice-presidente da Assembleia da República, sublinha importância dos 500 anos da diocese no arquipélago
Lisboa, 18 set 2014 (Ecclesia) – O vice-presidente da Assembleia da República, Guilherme Silva, destacou a importância da identidade da Igreja Católica na ilha da Madeira e na vida dos madeirenses, no âmbito das celebrações dos 500 anos da criação da Diocese do Funchal.
“Eu acho que é totalmente indissociável a Igreja Católica da formação da própria sociedade madeirense até aos nossos dias, no âmbito da fixação local das pessoas e depois por força do próprio espirito que transmitiu deste andar pelo mundo que caracteriza os madeirenses”, explicou Guilherme Silva em entrevista à Agência ECCLESIA.
Para o deputado madeirense, “os valores e princípios essenciais para a sociedade”, presentes na vida da Madeira, foram conseguidos através de uma “vivência estreita” com a Igreja Católica “à medida que foi evoluindo, crescendo e cimentando a sua história”.
Nesse sentido, o entrevistado assinala que o catolicismo é uma fé “dominante na região” e nas comunidades madeirenses emigrantes que “reclamam o seu padre português para dar apoio”, em concreto, na Venezuela e nos Estados Unidos da América, e que se associam às “manifestações religiosas”.
O deputado alerta para o que considera ser “uma distração nacional” sobre esta efeméride e destaca a globalização realizada “pela Igreja, através da plataforma que foi a Arquidiocese do Funchal”, a par dos descobrimentos portugueses.
“A Arquidiocese do Funchal naqueles 22 anos que se seguiram à sua criação tinha poder sobre todas as terras descobertas e a descobrir, um domínio mundial”, assinala Guilherme Siva.
“Emprestou à globalização daquela altura uma espiritualidade que sentimos que na de hoje não existe. A grande acusação que se faz à globalização hoje é a sua desumanização. É extraordinário passado 500 anos termos estes dois termos de comparação, que devem-se à Igreja através da plataforma que foi a Diocese do Funchal”, desenvolveu o entrevistado.
Guilherme Silva destaca “uma presença felizmente benéfica, dominante” da Igreja na região, visível na cultura, no património arquitetónico e intelectual de que a Madeira “é depositária” e mesmo na vertente social, “nas organizações de solidariedade” como as misericórdias.
“A igreja é uma marca identificativa e identificadora do ser madeirense”, afirma o vice-presidente da Assembleia da República.
Por isso, o entrevistado assinala que mesmo no âmbito da política, os partidos que “têm vertentes de ateísmo e de não identificação com a religião” demonstram um “cuidado extraordinário”, por exemplo nas campanhas, “de não ferirem esses valores e irem ao encontro deles”.
“Só se atinge o princípio da igualdade se tratar-se de forma diferente o que é diferente”, afirma Guilherme Silva Sobre a relação de proximidade entre o poder político e a Igreja Católica na Madeira, que também causa tensão no debate público.
“A Igreja Católica tem por razões da história, que a ultrapassam a ela própria, essas diferenças adquiridas”, observa o responsável político.
“Algum trato diferenciado não é por discriminação no sentido de privilegiar, é porque o contexto social em que está implementada é diferente”, frisa.
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