Bispo do Funchal pediu aos madeirenses para «não se esquecerem de Deus» construção de uma sociedade justa, solidária, coesa e eficiente
Funchal, Madeira, 01 jul 2022 (Ecclesia) – O bispo do Funchal pediu hoje que a Madeira possa ter um “desenvolvimento de qualidade” e uma “coesão social efetiva” e lembrou que a detenção de “riqueza” entre alguns não torna a região rica.
“Não podemos afirmar que vivemos numa região verdadeiramente desenvolvida apenas porque nela existem alguns que detêm uma riqueza abundante. Teremos uma região verdadeiramente desenvolvida, uma sociedade coesa, quando todos tiverem a oportunidade de aceder ao necessário para viver dignamente como seres humanos. Uma sociedade não é desenvolvida quando tem ricos; uma sociedade é desenvolvida quando não tem pobres. Ou seja: quando a riqueza de uns não é construída à custa da pobreza de outros, antes se encontra ao serviço do bem comum”, afirmou D. Nuno Brás na Missa a que presidiu na Sé do Funchal, enviada à Agência ECCLESIA, que assinalou hoje o dia da região.
O responsável assinalou o dia em que a Região Autónoma da Madeira celebra a sua autonomia politico-administrativa, concedida pela Constituição Portuguesa de 1976, e reconheceu “um claro caminho de desenvolvimento”, notando entre a população “condições materiais de vida decisivamente melhores”.
D. Nuno Brás quis alertar para o facto de que o desenvolvimento não significa “acumulação de riqueza” e pediu aos madeirenses para não esquecerem “Deus” neste caminho.
“A riqueza não é, não pode ser, uma finalidade em si mesma — e, para a obter, não vale tudo. A riqueza, a acumulação de bens materiais, tem um objetivo: ajudar todos a crescer em humanidade. É por isso que a Doutrina Social da Igreja não hesita em afirmar: “O desenvolvimento não pode ser reduzido a um mero processo de acumulação de bens e serviços” (CDSI 334). E também: a moralidade da vida económica “constitui um fator de eficiência social da própria economia” (CDSI 332)”, referiu.
O bispo do Funchal pediu uma “economia inspirada pela justiça e pela solidariedade” indicando-as como “essenciais” para que a sociedade seja “coesa, eficiente, capaz de caminhar em segurança para patamares sempre mais elevados de humanidade”.
“Importa que nos deixemos igualmente interrogar acerca do espaço que damos a Deus — não apenas na vida de cada um mas também na nossa existência como sociedade. Não nos basta ter a Cruz de Cristo na bandeira. Que cada madeirense seja sempre — para si e para os outros — um sinal, uma presença que a todos recorda a importância e o lugar de Deus, a sua centralidade na vida de cada ser humano e de toda a sociedade”, afirmou.
LS