Cardeal português participou numa homenagem à religiosa inglesa que entregou a sua vida ao serviço dos pobres e doentes da Madeira
Funchal, Madeira, 03 fev 2014 (Ecclesia) – O cardeal português D. Manuel Monteiro de Castro destacou este domingo no Funchal a forma “apaixonada” como a Madre Mary Wilson se entregou ao serviço da Igreja Católica e dos mais desfavorecidos da região.
Durante a celebração da festa da Apresentação do Senhor, na Sé madeirense, o representante da Congregação para a Causa dos Santos salientou que a fundadora das Franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias deixou na Madeira “um exemplo de caridade sempre atual e necessário, num mundo secularizado e frio”.
Na homilia, enviada à Agência ECCLESIA, o antigo diplomata da Santa Sé recordou o contributo decisivo da religiosa inglesa (1840-1916) para a erradicação de um surto de varíola que atingiu o arquipélago, no início do século XX, “cuidando dos doentes, amando-os como uma mãe, sem medo de morrer”.
Sublinhou ainda a coragem como a “Boa Mãe” enfrentou depois o período da implantação da República Portuguesa, a partir de 1910, quando o governo publicou um decreto onde mandava fechar todos os institutos religiosos.
Apesar de ter sido obrigada a regressar a Inglaterra, a Madre Mary Wilson permaneceu sempre “intimamente unida às irmãs franciscanas” e conseguiu evitar que a congregação se dispersasse.
Um ano depois, mesmo com “71 anos de idade” e com “dificuldades de saúde”, decidiu regressar ao Funchal como “simples cidadã britânica, sem hábito”, para viver “com simplicidade e como que no escondimento, os últimos dias da sua vida”.
“A presença materna junto das irmãs, por meio de encontros, visitas, cartas e conselhos, foi decisiva para a consolidação da pequena Congregação que se estava organizando lentamente”, sublinhou ainda D. Manuel Monteiro de Castro.
Nascida numa família de tradição anglicana, Mary Jean Wilson converteu-se ao catolicismo, recebeu o batismo em 1874 em França e assumiu o nome de irmã Maria de São Francisco.
Sete anos depois chegou à Madeira como enfermeira de uma doente inglesa e após ter-se fixado no Funchal, dedicou-se à catequese das crianças, aos doentes e à educação, tendo instituído diversas obras a favor dos pobres.
A Madre Mary Wilson faleceu em 1916, no Convento de São Bernardino, em Câmara de Lobos e o seu processo de canonização foi iniciado pela Diocese do Funchal em 1991.
Em outubro de 2013, o Papa Francisco aprovou a publicação do decreto que reconhece as ‘virtudes heroicas’ da fundadora da Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias.
Durante a sua passagem pela Madeira, D. Manuel Monteiro de Castro deixou ainda aos fiéis a “bênção apostólica” do Papa e participou na cerimónia de inauguração de uma escultura dedicada à Madre Mary Wilson, em Santa Cruz, acompanhado pelo bispo do Funchal, António Carrilho, e por outras entidades religiosas, políticas e sociais da região.
JCP