Funchal cumpriu voto ao seu padroeiro

Tradição com 485 anos A Diocese do Funchal celebrou, ontem, a festa do seu padroeiro, São Tiago, evocando o voto feito àquele Santo pelo cabido diocesano de então, no ano 1521, quando uma epidemia de peste causou muitas vítimas na Madeira e que, por intercessão daquele santo, viria a ser debelada. A celebração da Eucaristia na Sé do Funchal foi presidida por D. Teodoro de Faria, concelebrada pelo cabido diocesano e participada por um significativo número de fiéis. O prelado funchalense recordou os motivos que levaram à realização deste voto na sequência das vítimas causadas pela peste para a qual, naquela época já distante, não havia conhecimentos científicos que a debelassem. Só a fé em Deus é que conseguiu terminar com tão grave mal. «Quando os homens não conseguem resolver os problemas humanos, a única solução é olhar para Deus e implorar a Sua protecção. Nesse tempo, a fé era como o alimento quotidiano das pessoas. Havia pecados e infidelidades, mas a fé do povo era muito grande. Deus ainda estava presente na sociedade e ainda não tinha chegado a actual secularização forte e penetrante, que causa tantas dificuldades, embora a secularização também tenha as suas qualidades boas», disse, recordando depois o modo como foi escolhido São Tiago, um dos Apóstolos de Jesus, como padroeiro principal da Diocese do Funchal. A promessa feita há 485 anos perpetua-se, porque, como disse o prelado funchalense, «fez-se uma promessa a Deus que era para sempre. Neste dia relembramos um facto do passado para agradecer a Deus o que fez nesse tempo, bem como o que Ele continua a fazer agora, e pedimos a protecção e a misericórdia do Céu para a nossa terra». Referiu ainda que, «em toda a história da Igreja, encontramos factos como este. Para muitos contemporâneos, isto pode parecer uma história para crianças, mas para entrar no reino dos céus é preciso ter uma alma de criança; é preciso acreditar que, com a sabedoria dos nossos dias, com a técnica moderna, ainda não conseguimos evitar todos os males, como a epidemia da gripe das aves, que tanto tem preocupado o povo europeu». No final da celebração eucarística, D. Teodoro de Faria saudou «todos aqueles que no Dia do Trabalhador honram São José Operário, com o trabalho, e defendem os direitos dos trabalhadores para que eles sejam justos, equilibrados, procurando o bem de toda a sociedade». Dirigiu também as felicitações pelo 74.º aniversário do Jornal da Madeira, que ontem se assinalou, desejando «muitas felicidades a todos os que trabalham no Jornal da Madeira, aos que o tornam possível, pedindo a Deus para que a razão de ser pelo o qual ele foi criado, embora numa situação diferente, continue, de um modo especial com formas novas de evangelização e de promoção do bem comum e dos direitos humanos». Agradeceu também a todos os «nossos antepassados, que, para honrar o santo, quiseram um monumento vivo com a oração, o voto e esta presença que se renova todos os anos e que faz com que esse voto entre na nossa sociedade, porque, actualmente, os nossos problemas humanos e sociais são superiores aos dos tempos em que São Tiago foi escolhido para nosso padroeiro».

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