Madeira: Bispo do Funchal preside a Missa do Parto, sublinhando necessidade de procurar vontade de Deus

Celebração na Ribeira Brava teve participação de autoridades e instituições locais

Foto: Agência ECCLESIA/OC

Ribeira Brava, Madeira, 16 dez 2025 (Ecclesia) – O bispo do Funchal presidiu hoje à Missa do Parto na Paróquia da Ribeira Brava, onde alertou para o perigo de uma fé de aparências, desafiando os fiéis a procurarem a vontade de Deus em vez de tentarem impor os seus próprios desejos.

“Às vezes parece que as pessoas rezam o ‘seja feita a vossa vontade’, [mas] às vezes as pessoas dizem ‘seja feita a nossa vontade’. Se não dizem, pensam. E se não pensam, é o que fazem”, afirmou D. Nuno Brás, na homilia da celebração.

O responsável católico advertiu contra a atitude de soberba espiritual de quem julga saber mais do que o Criador, querendo definir por conta própria “o que é bom e o que é mau”.

“Queremos ensinar a Deus. Estamos a corrigir, estamos a querer ensinar a Deus. Estamos a querer que o próprio Jesus se dobre à nossa vontade”, lamentou.

A reflexão partiu do relato evangélico, em que Jesus critica um filho que diz prontamente que vai trabalhar para a vinha, mas acaba por não ir, uma atitude que o bispo do Funchal contrastou com a postura da Virgem Maria, figura central nestas celebrações que antecedem o Natal.

D. Nuno Brás sublinhou que a Missa do Parto coloca diante da comunidade o exemplo de Maria que diz “faça-se em mim segundo a tua palavra”.

“A vontade de Deus não cai dos céus aos trambolhões. A vontade de Deus haveremos de ser capazes de a procurar, de a discernir, de a perceber ao longo da nossa vida”, explicou.

Para o bispo do Funchal, de pouco vale dizer “Senhor, Senhor” ou afirmar-se como “bom cristão” se, na prática, não existe a coragem de colocar a vontade divina em ação.

A homilia terminou com um apelo a que os membros das comunidades católicas sejam um “povo pobre e livre”, capaz de escutar e concretizar os desígnios de Deus.

A Eucaristia contou com a participação de centenas de pessoas, que se reuniram depois em convívio no adro, autoridades e instituições locais.

As comunidades da Diocese do Funchal vivem intensamente, por estes dias, a tradição das Missas do Parto, uma novena de preparação para o Natal que ocorre habitualmente ao final da madrugada.

Estas celebrações constituem um momento singular do património religioso madeirense, marcado pelo canto de versos populares em honra da Virgem Maria e do Menino Jesus, alguns dos quais remontam aos primeiros povoadores do arquipélago.

O fenómeno, que arrasta multidões para as igrejas ainda antes do nascer do sol, mantém uma estrutura fixa: a invocação ao Espírito Santo, o canto da Ladainha e a Eucaristia, acompanhada por cânticos em verso que permanecem inalterados há pelo menos um século.

OC

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