D. Nuno Brás presidiu à Missa de início da Quaresma, com imposição das Cinzas
Funchal, Madeira, 17 fev 2021 (Ecclesia) – O bispo do Funchal afirmou hoje, na Missa de Quarta-feira de Cinzas, que o “mundo contemporâneo” que os cristãos ajudaram a construir, se encontra “muito longe do Evangelho”, dos seus valores e da sua proposta.
“De uma sociedade, como é a nossa, constituída na sua maioria por cristãos, espera-se, necessariamente, que tenha um rosto cristão”, disse D. Nuno Brás, na Catedral madeirense.
Na homilia enviada à Agência ECCLESIA, o bispo diocesano questionou uma “sociedade que promove o egoísmo, onde muitos não têm o suficiente para viver, onde muito facilmente a vida humana é espezinhada, desde o ventre materno ao seu fim natural”.
O responsável considerou ainda que a sociedade “vive para ter e não para ser”, onde o valor supremo “é o consumo”.
“Uma sociedade que despreza o coração, que ignora a procura da verdade”, advertiu.
Neste contexto, D. Nuno Brás alertou também que a “criação se encontra em risco” na sociedade atual que se tornou “deus para si mesma e onde o verdadeiro Deus tem muito pouco lugar”.
“A nossa vida em sociedade precisa, também ela de conversão. Precisa, também ela, de Quaresma”, acrescentou.
O bispo do Funchal observa que cada um faz parte de uma sociedade, contribui para a sua “existência e para a sua vida” e quem dá a uma sociedade os valores, o seu modo de ser e de viver “são aqueles que nela vivem e que a constroem”.
“Somos pecadores. Não se trata de ignorar as nossas qualidades, nem tão-pouco o caminho que já realizámos. Trata-se, isso sim, de nos darmos conta de como é importante o caminho que ainda precisamos de percorrer”, indicou.
A reflexão do bispo do Funchal partiu da súplica de Quarta-feira de Cinzas ‘pecamos, Senhor, tende piedade de nós!’ que “hoje se eleva da terra ao céu”.
“Sabemos, por experiência, que nem tudo ficará resolvido ao chegarmos à Páscoa do Senhor. Mas sabemos, igualmente, que o caminho se faz caminhando, e que importa deixar que o Espírito do Senhor, vindo aos nossos corações, vá moldando o nosso existir e o torne mais semelhante a Jesus”, desenvolveu D. Nuno Brás.
O bispo do Funchal assinala que como o atleta que treina diariamente e que, num determinado período do ano, “entra em estágio”, hoje começa o “verdadeiro tempo de estágio”, de retiro cristão, que é a Quaresma”
A Quaresma é um tempo de 40 dias que se inicia esta quarta-feira, com a celebração das Cinzas, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência como preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão (4 de abril, em 2021).
D. Nuno Brás celebra hoje o segundo aniversário da sua tomada de posse como bispo do Funchal.
CB/OC