Funchal: Bispo diocesano apelou à «conversão» e à «mudança» no início da Quaresma

«Porque nem sempre soubemos cuidar dos mais fracos, em particular dos que são vítimas de abusos e exploração sexual, económica ou nos seus direitos fundamentais» – D. Nuno Brás

Foto: Jornal da Madeira/Duarte Gomes

Funchal, Madeira, 22 fev 2023 (Ecclesia) – O bispo do Funchal apelou hoje à “conversão” e à “mudança”, falando na Missa de Quarta-feira de Cinzas, que marca o início do tempo da Quaresma, a que presidiu na catedral madeirense.

“Os recentes acontecimentos mostraram muitas fragilidades e pecados que clamam pela urgência e necessidade de conversão. Precisamos de conversão, porque nem sempre soubemos cuidar dos mais fracos, em particular dos que são vítimas de abusos e exploração sexual, económica ou nos seus direitos fundamentais”, disse D. Nuno Brás, numa homilia enviada à Agência ECCLESIA.

O bispo diocesano assinalou, por exemplo, a necessidade de conversão alertando para o egoísmo, para as “tantas vezes” que se passa “indiferente ao outro e ao seu sofrimento”, por causa de “uma carapaça dura que impede a abertura do coração e a incomodidade do confronto com a realidade”.

Segundo D. Nuno Brás, é necessária a mudança porque “não raras vezes” se prefere estar parado, “na segurança” do que foi conseguido, “esquecendo o caminho em direção ao horizonte infinito que Deus coloca por diante”.

Precisamos, afinal, de conversão porque ainda não somos capazes de viver de acordo com a dignidade de filhos que recebemos no nosso Batismo, e que o próprio Deus confirmou no Sacramento do Crisma. Precisamos de uma mudança porque, sendo embora cristãos, a nossa vida interior e as suas expressões exteriores ainda se encontram tão longe daquela perfeição a que todos somos convidados: ‘Sede santos porque Eu sou Santo’!”.

Na Missa de Quarta-feira de Cinzas, o bispo diocesano começa por explicar, a partir das leituras, que o convite de Deus, através do profeta Joel, – ‘convertei-vos a Mim de todo o coração” (Jl 2,12) – “é o verdadeiro mote para o tempo da Quaresma”.

“Apenas o ser humano é capaz de conversão verdadeira, porque apenas ele é dotado de liberdade e, portanto, capaz de realizar mudanças radicais e efetivas na sua existência”, acrescenta.

A Quaresma é um tempo litúrgico, de 40 dias (a contagem exclui os domingos), que tem início esta quarta-feira, com a celebração de Cinzas, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência; serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão (este ano a 9 de abril).

Iniciamos hoje o tempo santo da Quaresma impondo sobre as nossas cabeças as cinzas dos que se confessam pecadores. Hoje é o tempo da conversão! Tempo de maior penitência, de maior caridade, de maior oração. Que o mesmo é dizer: tempo de maior atenção ao modo como a nossa vida cristã vai sendo vivida — connosco, com os outros, com Deus”.

Na sua mensagem para a Quaresma 2023, o bispo do Funchal convidou os cristãos da diocese a “escolher a vida” que, por diferentes motivos “está cercada de morte”, e alargou o desafio a “toda a sociedade” para que construa “um mundo mais humano”.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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