Funchal: Apenas dois madeirenses foram bispos da região em 500 anos de história

D. Teodoro de Faria considera que quem esteja seis ou sete anos na diocese não a chega a conhecer

Funchal, 19 set 2014 (Ecclesia) – D. Aires de Ornelas e D. Teodoro de Faria foram os dois únicos bispos naturais da Madeira na história dos 500 anos da Diocese do Funchal, o primeiro durante dois anos e o agora prelado emérito durante 25.
 
"Foi um dos melhores bispos que tivemos, homem de uma grande cultura que depois, quando foi para Goa, conseguiu transformar, em oito ou dez anos, a devoção a S. Francisco Xavier", disse hoje à Agência ECCLESIA D. Teodoro de Faria, a respeito de D. Aires de Ornelas.
 
D. Aires de Ornelas era natural do Funchal, onde nasceu a 18 de setembro de 1837, sendo ordenado bispo em 1871 para, após um ano como coadjutor, ser nomeado bispo diocesano em 1972.
 
D. Aires de Ornelas esteve na diocese madeirense apenas dois anos, sendo transferido para Goa em 1974 por causa da "maçonaria" e dos "liberais", referiu D. Teodoro de Faria.
 
"A maçonaria e os liberais estiveram contra ele desde o início", lembrou o atual bispo emérito do Funchal, contrariando a "grande simpatia" por parte da população local, que fez "a maior manifestação de despedida" quando D. Aires de Ornelas saiu para Goa.
 
Natural da freguesia de Santo António, no concelho do Funchal, D. Tedoro de Faria foi bispo da diocese entre 1982 e 2007, após ter estado 20 anos em Roma, primeiro como estudante e depois como reitor do Pontifício Colégio Português.
 
"Era um pouco estrangeiro", considera D. Teodoro de Faria, que é da opinião que sejam madeirenses a assumir a coordenação da Igreja local.
 
"Um bispo que venha para o Funchal e esteja seis ou sete anos não chega a conhecer a diocese nem a sua alma", sustenta D. Teodoro de Faria, recordando que, nos cinco séculos de História, há "um período" em que assim aconteceu.
 
O bispo emérito do Funchal considera que prelados que chegam à Madeira, com "as dificuldades que encontram", desejam ir para outra diocese, "o que nem sempre acontece".
 
D. Teodoro de Faria recorda os 25 anos de trabalho no Funchal, onde dedicou mais de 15 novas igrejas e ordenou mais de 30 padres diocesanos e outros tantos pertencentes a congregações religiosas.
 
"Fizemos coisas muito belas, a diocese cresceu muitíssimo, tive muito trabalho para fazer, mas tive quem me ajudasse e recordo o contacto com os emigrantes", frisa D. Teodoro de Faria.
 
A Diocese do Funchal encerra as comemorações dos 500 anos da sua criação com o Congresso "Diocese do Funchal – a Primeira Diocese Global", que decorre no auditório do Casino da Madeira até este sábado.
 
No domingo, D. António Carrilho preside à "missa de ação de graças e de clausura do Congresso" na Sé do Funchal, cantada em latim por João Gil e Luís Represas.
 
PR/OC
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Agência ECCLESIA

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