Frutos do Sínodo serão uma surpresa

D. Manuel António dos Santos, bispo de S. Tomé e Príncipe

Na recta final da 2ª Assembleia Especial para o Sínodo dos bispos para África, D. Manuel António dos Santos, bispo de S. Tomé e Príncipe, testemunhou à Agência ECCLESIA que os “frutos deste acontecimento serão uma surpresa”, mas “acredito que dará novo alento aos povos africanos”.

A questão da paz na região dos Grandes Lagos mereceu destaque nas reflexões dos padres sinodais. “Escreveu-se uma carta onde se exprimia a solidariedade com a Igreja nesses lugares e pelo sofrimento que aquelas populações estão sofrer” – referiu o bispo de S. Tomé e Príncipe. Nesses locais, as dificuldades são evidentes. “A perseguição e a violência são preocupantes”.

O trabalho em prol da reconciliação, justiça e luta contra a pobreza “é essencial no continente africano” – disse D. Manuel António. E adianta: “são os apelos que o Sínodo vai lançando”.

O prelado português, a exercer o seu múnus pastoral naquele país lusófono, esteve num «círculo menor» (grupo de trabalho), com 5 lusófonos, onde “se aprofundou alguns temas sobre a ecologia (respeito pela terra, água e natureza), educação para paz e o papel da mulher”. Reflexões que serão “apresentadas na aula sinodal” – disse.

A língua portuguesa – uma das quatro oficiais deste Sínodo – “fez-se ouvir no Sínodo” porque “o português tem significado naquele continente”.

A relação dialogal com as religiões tradicionais africanas também foi abordada “no campo da inculturação e a atenção que missionários devem ter com essas religiões” – salienta o bispo de S. Tomé e Príncipe. “Alguns elementos dessas religiões devem ser purificados pela luz do Evangelho”, no entanto para que o diálogo exista “é necessário o conhecimento mútuo”.

Se África quer criar uma cultura de paz deverá “começar pela família” – declarou D. Manuel António. Nesta célula da sociedade, as crianças “devem crescer com estabilidade”. E adianta: “a vida humana deverá ser respeitada e manifestamo-nos contra a promiscuidade, poligamia e aborto”.

A realidade santomense é “diferente da realidade dos países africanos” – disse. Alguns problemas que esses países “enfrentam, em S. Tomé não se fazem presentes”. Depois deste acontecimento eclesial – o Sínodo começou a 4 de Outubro e termina a 25 do mesmo mês – “levamos sempre uma palavra de alento novo e novas energias para continuarmos o trabalho em favor daquelas populações”.

A Doutrina Social da Igreja (DSI) não foi esquecida e os padres sinodais pedem para que a DSI “seja cada vez mais conhecida, aprendida e ensinada”. Esta deve fazer parte “da evangelização de todas as forças da Igreja”.

Questionado sobre os problemas que a Igreja daquele país lusófono enfrenta, D. Manuel António dos Santos aponta: “a pobreza do país, a dependência do exterior, falta de líderes (não tem a tradição de líderes nacionais como a cultura do continente) e a deficiência da estrutura familiar”. Ao nível das potencialidades, o bispo de S. Tomé realça a hospitalidade daquele povo. “Há um sentido de liberdade que não é muito comum em África”.

As dificuldades do país – “nos últimos tempos tem faltado a energia eléctrica” – e a luta do dia-a-dia colocaram o Sínodo num plano secundário na comunicação social de S. Tomé. “Não houve muito eco”. Em Itália e no resto do mundo “o Sínodo dos bispos africanos tem sido notícia”.

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