Irmã Angélique Namaika recebeu distinção pelo seu trabalho em prol de mulheres deslocadas
Genebra, Suíça, 30 set 2013 (Ecclesia) – A religiosa congolesa Angélique Namaika recebeu hoje o prémio Nansen, na sua edição de 2013, atribuído pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
“Nunca vou desistir, porque mesmo que ajude só uma pessoa já é um sucesso”, disse a religiosa de 46 anos, numa cerimónia que decorreu em Genebra, Suíça.
A irmã Namaika trabalha com sobreviventes dos ataques da guerrilha LRA (Lord’s Resistance Army) em regiões remotas do nordeste da República Democrática do Congo (RDC).
A religiosa católica dirige um Centro para Reintegração e Desenvolvimento, ajudando a “transformar as vidas de mais de 2000 mulheres e meninas que foram forçadas a deixar as suas casas e abusadas, principalmente pelo LRA”, refere o Alto Comissariado.
A ajuda estende-se a “milhares de mulheres vítimas da brutal violência sexual e de género”, com “histórias de sequestro, trabalho forçado, espancamento, assassinato, violação” e outros ataques aos Direitos Humanos.
A própria Irmã Angélique foi, em 2009, forçada a deslocar-se em consequência da violência praticada pelo LRA.
“Deste trauma, ela tira parte da sua motivação para realizar o seu trabalho quotidiano com as mulheres congolesas mais vulneráveis”, destaca o ACNUR.
O organismo da ONU, presidido pelo português António Guterres, destaca a abordagem pessoal da irmã Angélique Namaika, carinhosamente tratada por “mãe” para ajudar as vítimas a recuperarem dos danos e do trauma provocado pelos abusos e violações de Direitos Humanos.
António Guterres elogia, em comunicado, o trabalho “incansável” da religiosa em favor dos mais vulneráveis.
“As vidas destas mulheres foram destruídas pela violência brutal e a deslocação forçada. A irmã Angélique provou que mesmo uma só pessoa pode fazer uma enorme diferença na vida das famílias afastadas pela guerra. Ela é uma verdadeira heroína humanitária”, acrescenta o alto comissário.
Após o evento, a irmã Angélique vai deslocar-se ao Vaticano, onde será recebida pelo Papa Francisco esta quarta-feira, antes de um périplo por Paris, Bruxelas e Oslo.
Perante os responsáveis do ACNUR, a galardoada afirmou que “o seu prémio era também uma distinção “para todas as mulheres, jovens e crianças raptadas pelo LRA”.
OC
Notícia atualizada às 23h59