«Fratelli Tutti»: «Ser cristão é ser aberto à tolerância, ao encontro e à rejeição de qualquer forma de domínio» – Serviço da Pastoral Social de Angra

Socióloga Piedade Lalanda e economista Tomás Dentinho destacam importância e atualidade da nova encíclica papal

Angra do Heroísmo, Açores, 14 out 2020 (Ecclesia) – A diretora do Serviço Diocesano da Pastoral Social de Angra afirma que a nova encíclica ‘Fratelli Tutti’ é “desafiante no título e no conteúdo”, um texto “profícuo em ideias” que podem ser “sementeiras” de novas ações e comportamentos.

“Ao defender a importância de uma fraternidade aberta, como amizade social, o Papa fala-nos de uma forma de vida com sabor a Evangelho porque ser cristão é ser aberto à tolerância, ao encontro com o outro e à rejeição de qualquer forma de domínio de uns em relação a outros sobretudo dos mais fortes em relação aos mais fracos”, disse Piedade Lalanda ao sítio online ‘Igreja Açores’ da Diocese de Angra.

A diretora do Serviço Diocesano da Pastoral Social de Angra salienta que o conceito de fraternidade é apresentado na encíclica do Papa Francisco ‘Fratelli Tutti’ como “algo aberto e que liberta a sociedade de todo o desejo de domínio”.

“Leva a refletir as resistências que qualquer um de nós revela quando está diante dos outros, sobretudo quando são diferentes”, desenvolveu a socióloga, docente da Universidade dos Açores, sobre “um documento básico para inspirar o trabalho de uma pastoral social assente na fraternidade aberta”.

Para Piedade Lalanda, a forma como o Papa apresenta a fraternidade social “não é compatível com exercícios de poder económico” ou outros que se apropriam  do mundo “sem ter atenção o outro”, destacando que é apresentada a partilha de recursos e o trabalho como fonte de rendimento e de dignidade da pessoa “que têm de ser atendidas e respeitadas”.

Já o professor da Universidade dos Açores, Tomás Dentinho, considera que a encíclica ‘Fratelli Tutti’ “muito interessante” porque “levanta as questões do século XXI e apresenta soluções”, e “serve para os cristãos refletirem e agirem”.

“A introdução fez-me um bocadinho de medo pois a questão social foi posta antes da questão da produtividade e da criação. Depois anda-se no texto e percebe-se que há problemas que merecem uma solução concreta e o Papa propõe essa solução a partir de uma ideia concreta de amor fraternal que e ao mesmo tempo um amor social”, explica o economista.

Tomás Dentinho exemplifica que a pandemia originada pelo coronavírus Covid-19 é “o teste fundamental” ao sistema e observa que ainda não se está “na crise económica que esta pandemia antecipa”.

“Não tenho dúvidas que a resposta tem de estar assente no primado do amor, isto é, nós somos todos irmãos e o judeu que é salvo pelo samaritano, vai ser um episódio que vai acontecer muito mais rápida e naturalmente do que nós pensávamos”, desenvolveu o professor universitário, numa intervenção divulgada pelo portal diocesano ‘Igreja Açores’.

Segundo Tomás Dentinho “é natural que alguma pobreza surja e muitas pessoas se sintam assaltadas e precisem de ajuda”, algo que a pandemia “veio sublinhar de uma forma notável”.

A encíclica ‘Fratelli Tutti’ (Todos Irmãos) foi assinada pelo Papa Francisco junto ao túmulo de São Francisco de Assis no sábado, 3 de outubro, e publicado no dia seguinte, na festa litúrgica do santo italiano fundador da ordem religiosa Franciscana; Tem oito capítulos e termina com duas orações: “Oração ao Criador” e a “Oração cristã ecuménica”.

CB/OC

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