«Fratelli Tutti»: Capela do Rato organiza grupos de estudo da nova encíclica do Papa Francisco

Padre António Martins destaca que iniciativa «germinou a partir das bases da própria vida comunitária»

Foto: Agência ECCLESIA

Lisboa, 06 nov 2020 (Ecclesia) – A comunidade da Capela do Rato, em Lisboa, está a organizar círculos de estudo para a encíclica ‘Fratelli Tutti’, do Papa Francisco, em pequenos grupos que se organizam com o propósito de “reflexão conjunta, mais ativa”.

“Há uma metodologia própria em cada grupo, para que possa ler a encíclica, possa refletir capítulo por capítulo, sessão após sessão, num ritmo de encontros que defina. Já surgiram seis. É uma experiência que está no início, com três semanas de divulgação. É um modelo que não é formatado e cada grupo pode criar a sua metodologia muito própria, muito livre”, disse o capelão da comunidade, padre António Martins, em declarações à Agência ECCLESIA.

O sacerdote explica que a iniciativa de criar grupos de estudo da encíclica ‘Fratelli Tutti’ do Papa Francisco, que foi publicada a 4 de outubro, “germinou a partir das bases da própria vida comunitária” com o propósito de “aprofundar a encíclica” e perceber “quais são os desafios no relacionamento familiar, comunitário, social que pode trazer e provocar”.

Rita Ramalho Ortigão faz parte de um grupo de leitura da Bíblia e, quando o documento foi publicado, consideraram que seria “uma altura oportuna” para começar o estudo da encíclica e “dar a outros esta mesma oportunidade”.

“Implica um desacomodar, começamos com os grupos que já existiam e apresentamos o desafio à comunidade e aos poucos foram surgindo outros grupos”, acrescenta.

Foto: Agência ECCLESIA

Sobre a ‘Fratelli Tutti’, Rita Ramalho Ortigão destaca que “é um chamamento, um desafio direto e muito motivante” para “um caminho de leitura e reflexão”

“Logo a introdução é muito importante, diz aquilo que estamos à espera do Papa neste momento e altura em que estamos tão preocupados, com tantos problemas à nossa volta e ele utiliza uma linguagem muito direta, muito simples, que toda a gente compreende de forma que é muito fácil aderir e ficar entusiasmados com esta encíclica”, desenvolveu a entrevistada.

O padre António Martins, professor de Antropologia Teológica da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, assinala “várias oportunidades desta encíclica”, que apresenta como “uma profecia corajosa, desafiante”, para estes tempos de pandemia Covid-19 e “de medo coletivo, de violência, de fanatismo inter-religioso”, como nos recentes atentados em Viena (Áustria) e em Nice (França).

“Só vem dizer que a encíclica é um pedido, é um grito profético que atravessa o espaço eclesial, que une o diálogo inter-religioso, que une crentes e agnósticos e não crentes, que une homens e mulheres de boa vontade. E quase que me atrevo a dizer isso é cumprir a vocação verdadeiramente católica da vocação cristã”, desenvolveu.

O entrevistado assinala que “é possível” que os grupos de estudo possam ser replicados noutras comunidades “porque a metodologia é simples e criativa” e destaca que a Capela do Rato tem “uma grande tradição de organização de eventos e de debate”, de textos do magistério, do Papa, da Conferência Episcopal, “livros, literatura, filosofia, espiritualidade, “convocando uma espécie de autoridades na matéria que tragam a sua leitura um pouco mais especializada”.

Foto: Agência ECCLESIA

O sacerdote explica que a comunidade da Capela do Rato, que se reúne no centro de Lisboa, “procura ser inclusiva” e fazer a experiência de “uma fraternidade para além de um espaço eclesial, geográfico, relacional, exclusivamente de uma identidade católica”.

“Com esta inquietação, com esta consciência somos todos humanos. O Papa di-lo, ‘estamos todos no mesmo barco, estamos todos na mesma condição humana’, com as mesmas inquietações, com os mesmos desafios, com as mesmas dores”, acrescenta o capelão.

A nova encíclica do Papa vai estar em destaque na próxima emissão do programa ‘70×7’, este domingo, pelas 17h45, na RTP2.

OC/CB

«Frattelli Tutti»: Encíclica é um texto «exigente» que ultrapassa leituras superficiais, dizem responsáveis portugueses (c/vídeo)

 

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