«Fratelli Tutti»/1.º aniversário: Encíclica é «referência de todos os dias» – Frei Hermínio Araújo

Religioso franciscano sublinha «espírito de Assis» presente no documento do Papa

Foto: Agência ECCLESIA/HM

Lisboa, 05 out 2021 (Ecclesia) – O sacerdote franciscano Hermínio Araújo afirmou que a encíclica ‘Fratelli Tutti’ do Papa Francisco tem sido uma “referência de todos os dias”, desde a sua publicação há um ano, destacando o interesse que despertou.

“Este documento do Papa Francisco tem sido uma referência de todos os dias e um grande instrumento de trabalho” assinala o religioso à Agência ECCLESIA, destacando que não sabe “o número de conferências, reflexões e retiros” em que a utilizou.

O documento, um tratado sobre a fraternidade e amizade social, recebe “muito do espírito de Assis” e também da “Laudato Si” (2015), acrescentou.

A liberdade, a igualdade e a fraternidade são os grandes pilares da “cultura moderna e contemporânea”, mas a fraternidade “tem sido esquecida”, lamenta o entrevistado desta terça-feira no Programa ECCLESIA (RTP2).

“A fraternidade está relacionada com a espantosa realidade das coisas e da vida” e quando se utiliza este conceito “tem por detrás um exercício de egoísmos”, aponta o sacerdote franciscano.

O religioso admite que a ‘Fratelli Tutti’ causou um “espanto inicial”, mas “na prática não chegou às comunidades eclesiais”, considerando que “se avançou pouquíssimo” na sua receção de uma proposta “para pensar diferente”.

Para além da fraternidade, o documento do Papa Francisco junta o tema da amizade social porque a experiência cristã é, “essencialmente, uma experiência humana” e quando “se perde essa noção” as pessoas afastam-se.

A encíclica aponta também para a economia de fraternidade, por isso “é fundamental levar esse pensamento para o mundo das empresas, da finança e da política”, sublinha frei Hermínio Araújo

“Há outros modelos económicos que têm de ser, necessariamente, pensados”, salienta o sacerdote franciscano.

Ao falar da ‘Economia de Francisco Portugal’, frei Hermínio Araújo considera que “há alguns passos dados, mesmo em experiências concretas” e que o Papa Francisco “acredita nas novas gerações” para que o mundo tenha outro rumo.

O Papa publicou a 4 de outubro de 2020 a sua encíclica ‘Fratelli Tutti’ (Todos Irmãos), na qual denuncia o que qualifica como “globalismo” do mercado de capitais, que responsabiliza pelo aumento de desigualdades e injustiças sociais.

O texto dedicado à “fraternidade e amizade social” apela a uma “globalização dos direitos humanos mais essenciais” e propõe a redescoberta de uma “dimensão universal capaz de ultrapassar todos os preconceitos, todas as barreiras históricas ou culturais, todos os interesses mesquinhos”.

A encíclica é o grau máximo das cartas que um Papa escreve e a expressão ‘Fratelli Tutti’ (todos irmãos) remete para os escritos de São Francisco de Assis, o religioso que inspirou o pontífice argentino na escolha do seu nome.

PR/LFS/OC

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Agência ECCLESIA

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