Joaquim Mexia Alves, Diocese de Leiria -Fátima
Ontem de manhã, sem qualquer razão ou por um motivo fútil, deixei-me levar pela irritação, descontrolei-me e fiz má figura perante muita gente, com a falta de sensatez, com a falta de paciência, com a quase má educação, mas sobretudo, dei um péssimo testemunho cristão.
Depois arranjei para mim desculpas variadas, como uma noite mal dormida, as dores extremamente incómodas que sentia, as irritações que ainda afloram de quando em vez por causa da guerra que vivi, enfim, um sem número de desculpas, que não desculpam coisa nenhuma.
Ao longo do dia a vergonha pelo acontecido foi crescendo em mim, e se, ao princípio era vergonha pelo que os outros poderiam pensar de mim, depois passou a ser vergonha de mim próprio.
Tinha vergonha de como cristão empenhado ter procedido de tal modo.
Sou tantas vezes chamado a falar de Deus, a rezar em comunidade, a testemunhar a minha conversão e, naquele momento, deixei-me levar pelo meu mau feitio antigo, que desta vez me venceu, porque eu me deixei vencer.
À noite, na celebração da Missa da Festa de Nossa Senhora do Rosário, percebi que, se tinha dado um mau testemunho de cristão publicamente, também deveria dar testemunho contrário publicamente, também, escrevendo sobre isso mesmo.
Afinal tanta entrega, tantas orações, tanta vivência da espiritualidade e, num pequeno momento, sem motivo algum, o meu “eu” anterior veio ao de cima, e mostrou-se com toda a sua fealdade.
As quedas são também ou devem ser sempre, motivo para nos levantarmos, e mostram-nos, mostram-me, que a conversão é um contínuo viver procurando a vontade de Deus, e que só o podemos fazer com Ele, n’Ele e para Ele.
Então pedi perdão a Deus pela minha fraqueza, e pedi cada vez mais insistentemente ao Espírito Santo que me vencesse e me conduzisse como um verdadeiro filho de Deus.
Jesus sorriu-me, deu-me a mão, levantou-me, e eu percebi então ainda melhor aquilo que Ele nos disse: «Vigiai e orai, para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é débil.» Mt 26, 41
Joaquim Mexia Alves