Francisco: «Referência de santidade, de profundo amor a Deus e ao próximo» – D. Jorge Pina Cabral

Responsável pela Igreja Lusitana em Portugal e membro do Conselho Português das Igrejas Cristãs recorda o Papa como homem de «sensibilidade ecuménica»

Vila Nova de Gaia, 21 abr 2025 (Ecclesia) – O bispo da Igreja Lusitana, D. Jorge Pina Cabral, lembrou hoje o Papa Francisco como um homem de “sensibilidade ecuménica” visível no seu papel “ao serviço da Igreja católica” mas das “restantes Igrejas”.

“O Papa Francisco foi um homem que ao longo do seu pontificado aprofundou muito a dimensão ecuménica e da relação com as outras Igrejas. Lembramo-nos que na noite da sua eleição, o Papa Francisco se assumiu como sendo o bispo de Roma, até antes de ser o Papa. Ou seja, teve aqui um gesto e uma palavra de grande sensibilidade ecuménica no entendimento do seu papel ao serviço da Igreja, mas também ao serviço das restantes Igrejas”, recordou à Agência ECCLESIA.

“A notícia da sua partida para Deus é uma notícia que toca os cristãos em todo o mundo e não deixa nenhuma Igreja indiferente”, valoriza.

D. Jorge Pina Cabral encontrou-se com Francisco, quando em 2023 o Papa esteve em Lisboa, durante a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023.

“Apesar do apertado programa que tinha, guardou tempo para acolher os líderes não só das Igrejas em Portugal, mas também das outras religiões presentes na nossa sociedade. Foi um gesto de reconhecimento do papel único que as Igrejas e as religiões têm para o estabelecer de uma sociedade inclusiva, de uma sociedade de unidade, uma sociedade que respeita as diferenças e, acima de tudo, promove o diálogo e a cooperação conjunta”, recorda.

O responsável indica Francisco como uma “referência de santidade, uma referência de profundo amor a Deus e ao próximo”.

“Hoje eu estou certo que as Igrejas e os cristãos em todo o mundo também choram a partida do Papa Francisco, mas ao mesmo tempo dão graças a Deus pelo seu testemunho ecuménico de grande abertura e que concretizou com gestos muito concretos de unidade e de partilha”, reconhece.

D. Jorge Pina Cabral recorda ainda “um homem que soube sempre aliar a palavra à ação” e a “gestos concretos de compromisso pela paz, pelo entendimento e também pela unidade”.

O responsável luso pela Igreja Lusitana, de Comunhão Anglicana, assinala a morte de Francisco em tempo pascal e num ano em que os cristãos celebram em conjunto a Páscoa.

“Não deixa de ser profundamente simbólico, que a sua partida tenha ocorrido em pleno contexto pascal. São aqueles sinais onde a morte parece dominar, com os olhos da fé, com o coração da ternura, nós percebemos sinais de profunda ressurreição e vida nova. Portanto, onde possivelmente muitos estão a ver a morte de Francisco, nós cristãos, na ação do Espírito Santo e à luz do evangelho pascal, nós vemos já um sinal de vida”, indica.

O Papa faleceu hoje, na Casa de Santa Marta, onde se encontrava em convalescença desde 23 de março, após um internamento de 38 dias no Hospital Gemelli, devido a problemas respiratórios.

O anúncio foi feito pelo cardeal camerlengo, D. Kevin Farrell: “Queridos irmãos e irmãs, é com profunda dor que devo anunciar a morte do nosso Santo Padre Francisco. Às 07h35 desta manhã, o Bispo de Roma Francisco regressou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da sua Igreja”.

LS

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