Primeiro-ministro português evoca «Papa extraordinário»

Lisboa, 21 abr 2025 (Ecclesia) – O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, lamentou hoje a morte de Francisco, um “Papa extraordinário”, evocando um “singular legado de humanismo, empatia, compaixão e proximidade às pessoas”.
“As suas visitas a Portugal, no Centenário das aparições de Nossa Senhora em Fátima e na Jornada Mundial da Juventude, marcaram o nosso país e geraram uma ligação muito forte do povo português com Sua Santidade”, assinala a nota, divulgada na página do Governo.
Luís Montenegro apresenta as “mais sentidas condolências” do Governo de Portugal à Santa Sé e a todos os católicos do mundo, “entre os quais tantos milhões de portugueses”.
“A melhor forma de honrar o seu tributo será seguirmos no dia a dia, nas nossas diferentes atividades, os seus ensinamentos e o seu exemplo”, conclui a nota.
O Governo vai decretar luto nacional em memória do Papa, disse à Lusa fonte do gabinete do primeiro-ministro.
Francisco faleceu hoje, na Casa de Santa Marta, onde se encontrava em convalescença desde 23 de março, após um internamento de 38 dias no Hospital Gemelli, devido a problemas respiratórios.
Em conferência de imprensa, o primeiro-ministro de Portugal afirmou que o Papa é uma fonte de inspiração espiritual e humana, “e um defensor intransigente dos valores da paz, da igualdade, da justiça e de uma Igreja para todos, todos, todos”.
Luís Montenegro destacou o “gesto profundamente generoso e revelador da coragem e entrega sem limites que caracterizavam” Francisco, ao estar presente, neste domingo de Páscoa, na bênção Urbi et Orbi, e na Praça de São Pedro.
“Nenhuma imagem poderia resumir melhor o estilo pastoral, simples e direto, bem como o legado de profunda humanidade, de compromisso e proximidade com os mais pobres, com os indefesos e com os marginalizados. O Papa Francisco foi verdadeiramente o rosto sereno da fé”, acrescentou.
O primeiro-ministro português informou que o Governo de Portugal propôs ao presidente da República “que fossem decretados três dias de luto nacional”, que serão oportunamente confirmados, “de acordo e coincidindo com as cerimónias fúnebres”.
“Os portugueses e o mundo despedem-se do Papa Francisco com gratidão. O seu legado e a sua vida serão fonte de inspiração para gerações futuras, dentro e fora da Igreja”, afirmou Luís Montenegro.
Segundo o responsável político português, desde a eleição, a 13 de março de 2013, o Papa Francisco foi reconhecido por todas as fés e ideologias “como um líder espiritual autêntico, ecuménico, e comprometido com os desafios do mundo contemporâneo”, como o combate à pobreza, a preservação do planeta, e a promoção da inclusão, da justiça social e da paz.
“A sua mensagem foi sempre uma mensagem de esperança e um apelo à construção de pontes e não de muros. Também por isso, os portugueses se identificaram sempre tanto com o Papa Francisco numa relação de amizade e fraternidade recíprocas que iam para além das convicções religiosas e apelavam ao mais genuíno sentido de humanismo e solidariedade”, destacou ainda o primeiro-ministro de Portugal.
O anúncio foi feito pelo cardeal camerlengo, D. Kevin Farrell: “Queridos irmãos e irmãs, é com profunda dor que devo anunciar a morte do nosso Santo Padre Francisco. Às 07h35 desta manhã, o Bispo de Roma Francisco regressou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da sua Igreja”.
Também a Câmara Municipal de Lisboa manifestou “o seu mais profundo pesar”, falando de Francisco como “um líder espiritual cuja vida foi dedicada à paz, à justiça social e à defesa incansável dos mais vulneráveis”.
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, deixa uma nota pessoal em nome da cidade.
“A morte do Papa Francisco deixa-nos uma imensa tristeza, mas também uma marca única de uma herança de humanidade, proximidade e coragem, que perdurará. Uma voz única, firme e de equilíbrio num mundo tantas vezes marcado pela indiferença. Um farol para milhões de crentes e não crentes, com a sua capacidade única de a todos convocar para os desafios em nome de um mundo melhor”, refere.
O comunicado lembra a passagem do Papa pela capital portuguesa, na JMJ 2023.
“A cidade recordará para sempre um Papa Francisco que foi um exemplo permanente de vida e de proximidade, com uma mensagem de paz, empatia e compaixão, que irá certamente continuar a inspirar gerações”, conclui o documento.
Já o Município de Vila Franca de Xira manifesta “profundo pesar” e presta a sua homenagem “a este extraordinário ser humano, líder da Igreja Católica, e mobilizador de boas-vontades”.
“O Concelho de Vila Franca de Xira, através de muitas Associações, Paróquias, Escolas e Famílias, acolheu muitos dos peregrinos em 2023 para a Jornada Mundial da Juventude, imbuídos de fé e forte consciência humanitária. Em novembro desse mesmo ano acolhemos no nosso território a Jornada Diocesana da Juventude, sentindo-se a força da mensagem de Francisco na dinâmica dos milhares de jovens que participaram nesse encontro organizado pelo Patriarcado de Lisboa. Construtor de uma Igreja para todos, todos, todos, repetiu um constante e forte apelo à Paz no Mundo”, indica uma nota enviada à Agência ECCLESIA
OC/CB