Marcelo Rebelo de Sousa recorda relação especial com um amigo do país

Cidade do Vaticano, 21 abr 2025 (Ecclesia) – O presidente da República Portuguesa homenageou hoje, numa declaração oficial, a figura do Papa Francisco, que evocou como um homem “simples, aberto, generoso, compreensivo” e uma voz “corajosa” na defesa da paz.
“Guardarei, guardaremos a humildade do pároco nunca rendido às vestes do bispo, do cardeal, do Papa, simples, aberto, generoso, compreensivo, solidário e também pletórico de vida e de alegria partilhada”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém.
O Papa faleceu esta manhã na sequência de um acidente vascular cerebral (Ictus Cerebri), a que se seguiu um coma com “colapso cardiovascular irreversível”, refere o documento de constatação oficial da morte.
O presidente português evocou um “amigo” do país e a relação secular com o Vaticano, primeira entidade universal a reconhecer a independência, em 1179.
“Francisco descobriu Portugal e Fátima, que não conhecia, tarde na sua vida, em 2017, canonizando Francisco e Jacinta Marto, e aí iniciando uma intensa ligação que envolveu a canonização de Bartolomeu dos Mártires e culminou na Jornada Mundial da Juventude há menos de dois anos, momento inesquecível da presença portuguesa no mundo”, acrescentou Rebelo de Sousa.
Mas Francisco foi muito mais do que o simbólico sucessor de quem nos legitimou como pátria independente, o amigo tardio, mas intenso da nossa nação. Foi talvez a mais corajosa voz de entre os líderes espirituais dos últimos 12 anos na defesa da dignidade humana, da paz, da justiça, da liberdade, da igualdade, da fraternidade, do diálogo entre culturas e civilizações, da preferência pelos deserdados das periferias, pelos mais pobres, frágeis, sofredores, sacrificados, excluídos e explorados, rejeitados e esquecidos neste tempo de antigos e novos senhores, interesses e egoísmos que combatem os valores pelos quais sempre se pautou”.
O chefe de Estado deixou um agradecimento a Francisco, “em nome de todos os portugueses, crentes e não crentes, concordantes ou discordantes”, pelo “carinho que devotou a Portugal”.
Rebelo de Sousa destacou a presença do Papa “ao lado dos que morrem vítimas das diárias negações dos direitos humanos, dos abusos e das prepotências de toda a natureza, das migrações e refúgios forçados, da primazia da guerra e do injusto esmagamento de pessoas, povos e legítimos sonhos do futuro”.
“Lembrar Francisco é prosseguir a nossa caminhada com ele, como ele connosco esteve até ao último dia, ontem [20 de abril], em Roma, sempre sem medo. A sua luta não é de um credo, de uma igreja, de uma nação eleita, de uma raça, de uma casta, de uma ideologia, de um ser humano predestinado. A sua luta é de todos e de cada qual, hoje, amanhã e sempre”, concluiu o presidente da República Portuguesa.
O presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 e bispo auxiliar de Lisboa, D. Alexandre Palma, recordou em comunicado a presença em Portugal do Papa Francisco.
“Obrigado Papa Francisco! Na JMJ, em Portugal e em Lisboa, Fizeste-te peregrino connosco, Convocaste-nos para a urgência de transformar o mundo em Casa Comum, Comprometeste-nos a construir a Igreja como caminho para todos, Testemunhaste connosco a Alegria do Evangelho, Semeaste com todos os jovens uma semente de Esperança, Desafiaste-nos a sonhar os sonhos de Deus e a surfar a onda do Amor! Caminhaste connosco, escutaste a nossa voz, confiaste em nós. Queremos continuar a percorrer os caminhos que nos abriste. Segundo a lógica de Jesus, queremos viver vidas em plenitude e multiplicar o tanto de bom que nos deste. Obrigado Papa Francisco! Aleluia”, refere a nota enviada à Agência ECCLESIA.
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O Papa morreu na Casa de Santa Marta, onde se encontrava em convalescença desde 23 de março, após um internamento de 38 dias no Hospital Gemelli, devido a problemas respiratórios.
O anúncio foi feito pelo cardeal Kevin Joseph Farrell, camerlengo da Santa Igreja Romana: “Queridos irmãos e irmãs, é com profunda dor que devo anunciar a morte do nosso Santo Padre Francisco. Às 07h35 desta manhã, o Bispo de Roma Francisco regressou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da sua Igreja”.
OC
Francisco/Portugal: «Todos, todos, todos», o testamento que o Papa deixou em Lisboa