Francisco/Portugal: «Todos, todos, todos», o testamento que o Papa deixou em Lisboa

Pontífice argentino visitou território nacional em 2017, no Centenário das Aparições de Fátima, e em 2023, para a Jornada Mundial da Juventude

 

Cidade do Vaticano, 21 abr 2025 (Ecclesia) – O Papa Francisco, falecido hoje aos 88 anos de idade, visitou Portugal em 2017, no Centenário das Aparições de Fátima, e em 2023, para a Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, onde deixou uma das frases que marcam o seu pontificado.

“Há espaço para todos. Assim como somos. Todos. Jesus di-lo claramente. Quando manda os apóstolos chamar para o banquete daquele senhor que o preparara, diz: «Ide e trazei todos», jovens e idosos, sãos, doentes, justos e pecadores. Todos, todos, todos!”, referiu, na cerimónia de boas-vindas que decorreu a 3 de agosto de 2023, no Parque Eduardo VII.

A segunda visita do Papa a Portugal encerrou-se a 6 de agosto, depois de ter vivido “dias inesquecíveis” na Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, pedindo aos jovens para ser “surfistas do amor”.

Na Missa de envio dos jovens de 150 países, o Papa pediu aos jovens que “não tenham medo” da vida, falando aos 1,5 milhões de participantes na JMJ 2023.

“Ele [Jesus] diz-lhes hoje, aqui em Lisboa, nesta Jornada Mundial da Juventude: não tenham medo! Não tenham medo, animem-se, não tenham medo!”, referiu, na homilia da celebração, sublinhada com uma salva de palmas dos peregrinos dos cinco continentes.

Horas antes, o Papa presidiu à vigília no Parque Tejo, onde arte e tecnologia ajudaram a aprofundar o sentido espiritual deste encontro.

A 5 de agosto de 2023, Francisco regressou ao Santuário de Fátima, para uma breve visita centrada no contacto direto com os peregrinos, especialmente as pessoas com deficiência e seus acompanhantes, além de jovens reclusos, propondo uma Igreja sem “portas”.

Um dia antes,, o Papa encontrou-se com uma mulher que nasceu no dia 13 de maio de 1997, recebeu a jovem Edna, que sofre de uma doença rara, confessou três jovens na Cidade da Alegria, em Belém e disse, no encontro com instituições sociais, no Bairro da Serafina, que não se pode ter “vergonha da pobreza”.

Numa agenda preenchida, para além do programa divulgado, o Papa encontrou-se com líderes religiosos, almoçou com peregrinos da JMJ, e refletiu, numa apresentação artística da Via-Sacra, na Colina do Encontro, sobre preocupações como a guerra, desemprego, solidão, dependência digital, perseguição religiosa e alterações climáticas.

A 3 de agosto de 2023, Francisco defendeu uma nova visão para atividade económica e política, a partir da Universidade e deu a pincelada final ao “maior mural educativo do mundo”, pintado por iniciativa do projeto ‘Scholas Cascais’.

A 2 de agosto, dia em que chegou a Portugal, o Papa  encontrou-se com o presidente da República e alertado as lideranças da sociedade portuguesa para os problemas ecológicos, desafiando a Europa a encontrar um “novo rumo”, também na construção da paz.

Francisco esteve no Mosteiro dos Jerónimos e pediu à Igreja para ouvir as vítimas de abusos sexuais.

A 12 e 13 de maio de 2017, o Papa esteve na Cova da Iria, onde presidiu às cerimónias dos 100 anos das Aparições de Nossa Senhora de Fátima.

A viagem começou no dia 12 às 14h00 (menos uma em Lisboa), altura em que partiu do aeroporto de Fiumicino rumo a Portugal e à referida base, situada a cerca de 40 quilómetros de Fátima, onde chegou às 16h09 locais.

Ainda em Monte Real decorreu a cerimónia de boas-vindas e, às 16h35, um encontro privado com o presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, altura em que os dois responsáveis tiveram ocasião de trocar alguns presentes.

Às 16h55, Francisco fez uma visita à Capela da Base Aérea, onde rezaram Paulo VI (1967) e João Paulo II (1991), e cumprimentou alguns militares com seus filhos doentes.

Seguiu-se a deslocação para o Estádio de Fátima, em helicóptero, que antecedeu a entrada no Santuário de Fátima, em papamóvel, altura em que experimentou o primeiro banho de multidão desta peregrinação que, recorde-se, contou com a presença de centenas de milhares de peregrinos – a estimativa das autoridades cifrava-se em um milhão de pessoas nos dois dias.

O primeiro momento da agenda do Papa no Santuário foi a visita à Capelinha das Aparições, às 18h15, para um momento de oração, antes da oferta da terceira Rosa de Ouro ao Santuário.

O Papa Francisco dirigiu depois algumas palavras aos peregrinos, pelas 21h30, aquando da bênção das velas, na Capelinha das Aparições, que foi seguida da recitação do Rosário.

O programa de dia 13 de maio, sábado, começou às 09h10 com um encontro com o primeiro-ministro português, António Costa, na Casa de Nossa Senhora do Carmo.

Pelas 09h40, o Papa fez uma visita à Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, onde estão sepultados os Pastorinhos de Fátima.

Francisco cumprimentou o sacerdote português mais idoso, o padre Joaquim Cunha, com 104 anos, antes de presidir à Missa no recinto do Santuário de Fátima.

Na Eucaristia da peregrinação internacional aniversária de maio, no Centenário das Aparições, o Papa Francisco proferiu a sua única homilia em Fátima e dirigiu uma saudação aos doentes.

A Missa a que o Papa presidiu incluiu, no seu início, o rito de Canonização de Francisco e Jacinta Marto, videntes de Fátima.

A família da criança brasileira curada por intercessão dos dois pastorinhos participou no cortejo de apresentação dos dons, tendo o Papa ocasião para abraçar o jovem Lucas.

Francisco fez 47 viagens internacionais, tendo visitado 67 países; dentro da Itália, o Papa fez dezenas de visitas a várias localidades, incluindo uma passagem pela ilha de Lampedusa, primeira viagem do pontificado, e cinco deslocações a Assis.

OC

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