D. João Lavrador lembra «poder da fragilidade» que o Papa ensinou, num mundo que parece «tão dividido e violento»

Viana do Castelo, 21 abr 2025 (Ecclesia) – O bispo de Viana do Castelo, D. João Lavrador, publicou hoje uma mensagem a propósito da morte do Papa, na qual agradece pelo serviço prestado à Igreja e sublinha o que Francisco deixa aos cristãos.
“[O Papa] não deixa heranças. Não deixa legados. Deixa tarefas. Deixa-nos a Igreja. Deixa-nos os confins do mundo”, afirmou D. João Lavrador na mensagem enviada à Agência ECCLESIA.
O Papa faleceu hoje, na Casa de Santa Marta, onde se encontrava em convalescença desde 23 de março, após um internamento de 38 dias no Hospital Gemelli, devido a problemas respiratórios.
Num mundo que parece “tão dividido e violento”, o bispo de Viana do Castelo destaca que o pontífice ensinou a todos “o poder da fragilidade”.
“Hoje, regressando à casa do Pai, essa fragilidade toma a forma de um abraço. Não só nosso, mas, também, de Deus”, referiu.
Lembrando que “no coração da Páscoa existe, em simultâneo, tristeza e alegria, trauma e esperança, medo e entrega”, D. João Lavrador assinala que assim também está o coração dos cristãos.
“E tudo o que dele nasce, neste momento, só se pode resumir em três palavras: Obrigado Santo Padre! Obrigado pelas periferias! Obrigado pelo sorriso! Obrigado pelas vezes em que nos visitou!”, expressa o bispo diocesano.
Entre os vários agradecimentos deixados na mensagem, o bispo relembra os ensinamentos do Papa sobre o mundo que “é uma casa comum e não um campo de batalha”, os “alertas” de que a “a cultura do bem-estar” faz todos viver “em bolhas de sabão” e que perdoar é decidir “não continuar a injetar na sociedade a energia da vingança”.
“Obrigado por nos relembrar que ‘se o direito de cada um não está ordenado para o bem maior’, este acaba por se ‘tornar fonte de conflitos e violência’! Obrigado por abrir caminhos, pela Sinodalidade, pela fraternidade! Obrigado pelas vezes que nos reconciliou uns com os outros!”, pode ler-se.
“Obrigado por nos ter pegado pela mão, por nos enviar a escutar o coração dos nossos irmãos, por falar de Jesus como um amigo! Obrigado por ‘todos, todos, todos’!”, acrescentou.
Realçando que o Papa Francisco durante o pontificado convidou a “caminhar juntos”, o bispo diocesano afirmou que também neste momento não pode ser de outro modo, pedindo a cada uma das comunidades que esta terça-feira, pelas 12h, “os sinos tocassem levando até Deus as nossas orações pelo Santo Padre”.
“Mas, de igual forma, queria pedir a participação de “todos, todos, todos”, para a Eucaristia que, no dia 24 de Abril, pelas 18:00, celebrarei na Sé de Viana, em oração pelo nosso querido Papa Francisco”, anunciou.
No final da mensagem, D. João Lavrador lembra que a primeira viagem de Francisco “foi a Lampedusa, para alertar para as “rotas de morte”, e “despertar consciências” para o drama das migrações” e a última foi à “Prisão Regina Coeli, onde olhou, olhos nos olhos, para aqueles que, tantas e tantas vezes, não têm rosto”.
“Entre Lampedusa e Regina Coeli, fica-nos sorrisos e lagrimas. Que elas possam ser sempre lagrimas e sorrisos pascais”, finalizou.
O anúncio da morte do Papa foi feito hoje pelo cardeal camerlengo, D. Kevin Farrell: “Queridos irmãos e irmãs, é com profunda dor que devo anunciar a morte do nosso Santo Padre Francisco. Às 07h35 desta manhã, o Bispo de Roma Francisco regressou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da sua Igreja”.
LJ/OC