Atriz portuguesa esteve com o Papa num encontro com humoristas em junho de 2024

Lisboa, 21 abr 2025 (Ecclesia) – A atriz Maria Rueff disse hoje sentir-se “órfã de uma figura de amor e bondade pura”, recorda que o Papa Francisco marcou o seu caminho de “conversão” e recorda uma pessoa “profundamente humana, que praticou realmente o Evangelho”.
“Foi um Papa profundamente humano, que praticou realmente o Evangelho, ou seja, justiça. Esteve ao lado de todas as franjas, de todos os marginalizados. A promoção da alegria, a promoção da ecologia, a condenação imediata de tudo o que são práticas que violentem a essência do Cristianismo, foi um revolucionário e, no meu coração, foi um homem muito importante também no meu caminho de conversão para com Deus”, disse a atriz portuguesa à Agência ECCLESIA.
“Ele sabia que estava, em alguns casos, a abrir caixas de Pandora difíceis, mas que a humanidade precisa absolutamente, porque eu acho que a humanidade está carente de Deus. Tanto é que ele tocou tantas pessoas não católicas, necessariamente. Estamos todos carentes de Deus, de amor. Chamemos-lhe isso, amor, amor”, acrescentou.
Muito comovida a atriz portuguesa lembrou o encontro do Papa com os humoristas, em junho de 2024.
“Sobretudo, para uma comediante. Fomos educados com a expressão graças a Deus, muitas graças com Deus, e tudo isso tem um certo estigma. O comediante é, por norma, o parente pobre da arte e o gesto que ele teve com os cómicos – É um homem que abre o palácio mais valioso do mundo aos cómicos”, recorda.
Na coincidência de “abençoar o mundo na ‘Urbi et Orbi’, no dia de Páscoa, e de partir em ressurreição e num jubileu de esperança”, Maria Rueff assinala “um rastro luminoso da alegria” que Francisco deixa.
“No meu coração vêm estas duas palavras: ‘Santo subito’ [Santo já] e uma gratidão eterna para um homem que fará muita falta ao mundo neste momento. Uma espécie de resistência do amor. Ele era uma figura de resistência do amor num mundo tão violentado”, sublinha.
Maria Rueff recorda ter-se sentido “exultante de alegria” com o olhar de Francisco quando por segundos se aproximou dele, no encontro na Sala Clementina.
“Ele olhou e olhar verdadeiramente para dentro de nós. Não é só ver, é olhar. Como não é só ouvir, é escutar. E era isso, essa sensação que se tinha ao pé do Papa Francisco. Ele realmente olhava. Ele realmente deu, no que pareceu breves segundos, a cada um de nós, ou a cada pessoa, acho eu, que teve contacto com ele, esse olhar profundíssimo para a nossa alma. E isso é uma coisa que só quem passa por um momento desses é que consegue descrever. Fica-se exultante, a expressão é essa, exultante da alegria, foi o que eu senti”, traduz.
O Papa faleceu hoje, na Casa de Santa Marta, onde se encontrava em convalescença desde 23 de março, após um internamento de 38 dias no Hospital Gemelli, devido a problemas respiratórios.
O anúncio foi feito pelo cardeal camerlengo, D. Kevin Farrell: “Queridos irmãos e irmãs, é com profunda dor que devo anunciar a morte do nosso Santo Padre Francisco. Às 07h35 desta manhã, o Bispo de Roma Francisco regressou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da sua Igreja”.
LS