Jovem da Diocese de Lamego recordou abraço «bem apertado» ao Papa, em 2019
Lamego, 24 abr 2025 (Ecclesia) – Catarina Duarte, da Diocese de Lamego, tem o “abraço bem apertado” que deu ao Papa Francisco como “o momento muito, muito, muito feliz da vida”, no dia 22 junho de 2019, no Vaticano.
“Eu estou sempre a dizer que este foi o momento muito, muito, muito feliz da minha vida. Estamos sempre a criar um momento mais feliz, mas, claro que este está num dos topos dos topos. Foi mesmo um momento de uma graça muito, muito grande, foi mesmo abraçar alguém pelo qual eu tinha e continuo a ter muita, muita admiração”, disse a jovem lamecense, esta quarta-feira, em declarações à Agência ECCLESIA.
No dia 22 de junho de 2019, após esse abraço ao Papa Francisco, na audiência aos 250 jovens do XI Fórum Internacional da Juventude, Catarina Duarte dizia que “foi incrível abraçá-lo e não foi um abraço qualquer, foi um bem apertado”: “O abraço é universal e senti que tinha mesmo de o abraçar”.
“Agora a olhar para trás, para 2019, perceber que de facto aquilo foi mesmo uma alavanca muito grande para a minha vida. Todo aquele momento, o fórum, e todo aquele momento do abraço foi uma alavanca muito, muito grande na minha fé, no meu percurso, tudo”, referiu a entrevistada de 30 anos, formada em Arqueologia.
O Papa Francisco faleceu aos 88 anos, na sequência de um acidente vascular cerebral (Ictus Cerebri), a que se seguiu um coma com “colapso cardiovascular irreversível”, na segunda-feira, dia 21 de abril, na Casa de Santa Marta; o anúncio da morte foi feito pelo cardeal camerlengo, D. Kevin Farrell.
Catarina Duarte, que trabalha no Departamento de Acolhimento e Pastoral do Santuário de Fátima, estava em casa com a família, “todos a tomar o pequeno-almoço”, em Avões, na segunda-feira de Pascoela lá em casa “não se trabalha”, e quando receberam a notícia “foi uma espécie de Sexta-feira Santa”, “um dia de muito desamparo”.
“Eu chorei muito, muito, muito durante a manhã, e senti-me bastante desnorteada, porque é aquele choque de pensar, ‘meu Deus, o que é que vai acontecer à Igreja’. Agora, com distância, penso, é uma graça estarmos a viver isto, foi uma graça termos vivido com o Francisco e a Igreja precisa também disto, precisa de renovação, precisamos estar à espera”, desenvolveu, sendo capaz de olhar para este acontecimento “até com alguma beleza, e conseguindo dar graças pelo que ele nos deu, pelo que o Papa Francisco foi para todos”.
“Parece que ficamos sem pai, de repente. Acho que num mundo cada vez mais desumanizado ter o Papa Francisco como cabeça da Igreja era tão bom, parecia que nos sentíamos protegidos. Temos um pai, temos um pai bacana à nossa frente, ele vai-te, com certeza, proteger. Agora parece que estamos um bocadinho desamparados, estes filhos ficaram assim um bocado órfãos, mas se há coisa que o Papa Francisco nos ensinou é que nada disto é nosso, tudo é de Cristo, se isto fosse nosso já tinha-te descambado há muito tempo, portanto confiemos, rezemos.”
Catarina Duarte, numa reflexão sobre os 12 anos de pontificado de Francisco, afirma que teve “a graça de ser jovem” com este Papa, e regressa ao Fórum Internacional dos Jovens que a “marcou muito, muito, muito”, bem como o facto de Francisco “querer ouvir aos jovens”, que não era dar poder.
“A Igreja, às vezes, dizia muito isso, que os jovens querem ter poder. Não, mas ouvir-nos, como um pai ouve os filhos. Às vezes, nós não somos ouvidos nas famílias, não somos ouvidos nos nossos contextos, e o Papa Francisco querer ouvir-nos enquanto jovens, isso marcou-me muito, ele era muito atento”, acrescentou.
O facto de Francisco quer também dar “voz aos leigos” também foi outra marca deste pontificado na vida da entrevistada, que sente “muito uma vocação laical presente na vida” e quer ser leiga e quer ser “peça fundamental numa comunidade”, que é a paróquia, a família, é o trabalho, e, “ultimamente, marcava-a a “voz que ele queria e dava às mulheres”.
“O pontificado dele marcou-me exatamente nestes três universos: Enquanto jovem, enquanto leiga, e principalmente enquanto mulher. Não nesta discussão das mulheres terem ou não terem acesso ao Ministério Ordenado, não era isso, mas perceber que o papel da mulher na Igreja não é só ser a mãe. Há toda uma voz tão grande, tão maior que essa”, desenvolveu Catarina Duarte.
O funeral do Papa Francisco é celebrado este sábado, dia 26 de abril, pelas 10h00 (menos uma em Lisboa), no adro da Basílica de São Pedro; a Missa tem presidência do cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício
CB/PR
Catarina Duarte, que fez parte da equipa do Departamento Diocesano da Pastoral Juvenil de Lamego nos últimos anos, recorda a edição internacional da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, onde viu o Papa Francisco “muito combalido, muito cansado”, na oração de vésperas no Mosteiro dos Jerónimos. A jovem esteve também com Francisco no palco do Parque Eduardo VII (‘Colina do Encontro’), na Via Sacra de sexta-feira, que foi o seu “momento preferido da Jornada”, e viu um Papa “renovado, muito melhor, ainda vulnerável, mas muito mais feliz”.
Sobre a importância da JMJ Lisboa 2023 para Portugal, a entrevistada considera que existiram duas reações houve quem sentisse que “está cumprido, está feito”, e existiram “outras vozes, como alguns grupos também na Diocese de Lamego, que se reergueram” e são o pilar da Pastoral Juvenil. “Do cansar e do abaixar os braços e também o de renascer, acho que foram duas realidades sempre muito presentes. Enquanto Catarina, a Jornada deu-me uma alegria muito, muito grande, deu-me uma vontade ainda mais de continuar a viver esta vocação laical e apareceu muito esta certeza que, de facto, é por aqui o caminho”, acrescentou Catarina Duarte. |