Francisco: «Nunca mais» o Holocausto

Jerusalém,26 mai 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco visitou hoje o memorial do ‘Yad Vashem’, em Jerusalém, onde pediu que “nunca mais” se repita “a tragédia incomensurável” do Holocausto.

“Dai-nos a graça de nos envergonharmos daquilo que, como homens, fomos capazes de fazer, de nos envergonharmos desta máxima idolatria, de termos desprezado e destruído a nossa carne, aquela que Vós formastes da lama, aquela que vivificastes com o vosso sopro de vida. Nunca mais, Senhor, nunca mais”, disse.

O Papa chegou ao local depois de ter prestado homenagem às vítimas israelitas do terrorismo, com o presidente e do primeiro-ministro de Israel, Shimon Peres e Benjamin Netanyahu.

Tal como aconteceu em 2000, com João Paulo II, e em 2009, com Bento XVI, a visita começou na Sala da Memória, em homenagem das seis milhões de vítimas judaicas, onde teve lugar uma cerimónia memorial e o discurso de Francisco, que beijou a mão a seis sobreviventes da Shoah.

Este foi um momento marcado pelos gestos do Papa, que avivou a chama eterna que arde no Yad Vashem, depôs uma coroa de flores brancas e amarelas, ouviu o texto da identificação (que lembra as vítimas e explica o sentido da chama), para além de um excerto da última carta de uma das vítimas do Holocausto, Ida Goldish.

“Veio sobre nós um mal como nunca tinha acontecido sob a abóbada do céu. Agora, Senhor, escutai a nossa oração, escutai a nossa súplica, salvai-nos pela vossa misericórdia. Salvai-nos desta monstruosidade”, disse Francisco.

Junto da chama eterna que arde no ‘Yad Vashem’ estão escritos o nome dos 22 campos de extermínio nazi.

Neste espaço, em forma de tenda, encontram-se ainda as cinzas de algumas das vítimas dos fornos crematórios; para lembrar as cerca de 1,5 milhões de crianças assassinadas nas câmaras de gás, mais de uma centena de espelhos refletem a luz de 5 velas.

Francisco apresentou uma reflexão, em forma de oração, sobre o mal praticado pelo ser humano quando se afasta de Deus.

“Onde estás, ó homem? Onde foste parar?”, questionou.

O Papa falou do Holocausto como uma “queda”, um “abismo”, uma “vergonha” que “talvez nem mesmo o Pai podia imaginar”.

“Homem, quem és? Já não te reconheço. Quem és, ó homem? Quem te tornaste? De que horrores foste capaz? Que foi que te fez cair tão baixo?”, prosseguiu.

Francisco alertou para a “presunção” de que o homem se pode apoderar “do bem e do mal”, convencendo-se de ser “deus”.

“Não só torturaste e assassinaste os teus irmãos, mas ofereceste-os em sacrifício a ti mesmo, porque te erigiste em deus”, declarou.

"Não, este abismo não pode ser somente obra tua, das tuas mãos, do teu coração… Quem te corrompeu? Quem te desfigurou?", acrescentou.

O memorial oficial de Israel para lembrar as vítimas judaicas do Holocausto foi estabelecido em 1953 pelo Parlamento de Israel.

Localizado no sopé do Monte Herzl, no Monte da Recordação (Har HaZikaron), em Jerusalém, o Yad Vashem é um complexo de cerca de 18 hectares que contém o moderno Museu da História do Holocausto, vários memoriais – como o Memorial das Crianças e a Sala da Memória -, o Museu de Arte do Holocausto, esculturas, lugares comemorativos ao ar livre, a sinagoga, arquivos, um instituto de pesquisa, biblioteca, uma editora e um centro educacional.

Os não-judeus que salvaram judeus durante o período do Holocausto, colocando em risco as próprias vidas, são honrados pelo Yad Vashem como "Justos entre as Nações”, num jardim.

OC

 

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Agência ECCLESIA

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