Francisco/JMJ: Catarina Oliveira Duarte recordou «a graça» da família receber a bênção do Papa, em Lisboa

Filho mais novo «tem uma doença rara», e «viver aquele momento foi muito forte»

Lisboa, 23 abr 2025 (Ecclesia) – Catarina Oliveira Duarte regressou hoje ao momento “muito impactante” em que, com o marido e os quatro filhos, receberam a bênção do Papa Francisco em Lisboa, à porta da Nunciatura Apostólica, na Jornada Mundial da Juventude 2023.

“Ter a graça de, no meio de milhares de pessoas, viver aquele momento com o nosso filho foi muito impactante, foi muito forte”, disse Catarina Oliveira Duarte, esta quarta-feira, 23 de abril, à Agência ECCLESIA.

Catarina e João Duarte têm quatro filhos e, no dia 4 de agosto de 2023, sexta-feira, foram todos para a Nunciatura Apostólica, em Lisboa, por não conseguirem participar na Jornada Mundial da Juventude na capital portuguesa, “para viver um bocadinho essa proximidade com o Papa”, e tentar que Francisco “benzesse o José Maria”, o filho mais novo, então com cinco meses, que “tem uma doença rara”.

“O Papa acabou por dar a bênção a cada um de nós, começou pelo Zé Maria, mas acabamos por receber todos a bênção; e foi mais um fortalecer da nossa fé”, destacou a entrevistada da Diocese de Setúbal.

Num primeiro momento, “às oito e pouco da manhã” dessa sexta-feira, tentaram “passar o José aos seguranças para chegar junto do Papa”, mas estavam outras pessoas mais perto quando Francisco saiu para o encontro com os representantes do setor socio-caritativo na Serafina, e, por sugestão de João Duarte, decidiram esperar pelo seu regresso, para “uma segunda vez porque é uma oportunidade única”.

O casal aproveitou que “as pessoas dispersaram todas” da Nunciatura Apostólica, falaram com um segurança do Papa, explicaram “o porquê de querer muito que o José recebesse a bênção”, e que podia ser só o filho mais novo, “é uma graça, o que vier é muito bem recebido”.

“Quando o Papa está quase a chegar, um segurança começa a perguntar ‘onde é que está a família de seis, que tem o bebé’. Ele lembrou-se de nós, aguardámos, e foi um momento muito impactante por vários motivos: Porque estávamos perante o Santo Padre, porque conseguimos que o José Maria recebesse a bênção do Santo Padre, porque vivemos aquele momento em família”, acrescentou.

Catarina Oliveira Duarte recordou que o José “tem tido desafios de vida”, “esteve quase a morrer duas ou três vezes, entre o nascimento e os três meses de vida”, e foram períodos “muito fortalecidos na fé, e muito vividos à base da fé e da oração”, em outubro de 2023, foi internado novamente, com “uma infeção gravíssima”, e “quando dizem que não estavam à espera, o José recupera”.

“Eu não sei se é do José, se é da nossa fé, se é da comunidade toda que temos a rezar por nós, porque, felizmente, estamos rodeados de pessoas que rezam muito por nós e pelo nosso filho, mas o José faz coisas que os terapeutas e os médicos dizem que nunca pensaram que fizesse. Nós sustentamos a nossa vida na fé, e, para mim, uma coisa não é dissociada da outra”, referiu a entrevistada da Paróquia do Seixal, na Diocese de Setúbal.

José Maria esteve internado, há pouco tempo, “com um quadro novo”, e nesses novos exames perceberam que “é um cérebro que tem imensa massa cinzenta”, porque quando nasceu “não havia uma imagem de cérebro nas ressonâncias magnéticas”, é um cérebro que tem um desenvolvimento fenomenal”.

“Tem problemas, claro, porque ele tem um problema gravíssimo, mas é um miúdo que tem um cérebro lindo, que já tem um formato de cérebro, que já se vê massa cinzenta, corpo caloso. E, depois, tem terapeutas que me dizem, ‘nunca vi um miúdo com tão pouco corpo caloso a fazer o que ele faz’, é muito básico, é muito pouco para aquilo que eu quero, mas que me mostram que é imenso para aquilo que ele tem.  Isso não vem de nós, para mim, é um milagre que tenho nas minhas mãozinhas todos os dias”, desenvolveu Catarina Oliveira Duarte.

‘Peregrinos de esperança’, Catarina, João Duarte e o filho José vão também participar no Jubileu das Pessoas com Deficiência, do Ano Santo 2025, que decorre nos dias 28 e 29 de abril, no Vaticano, aproveitando uma viagem médica a Roma.

CB/OC

O Papa Francisco faleceu aos 88 anos, na sequência de um acidente vascular cerebral (Ictus Cerebri), a que se seguiu um coma com “colapso cardiovascular irreversível”, esta segunda-feira, dia 21 de abril, na Casa de Santa Marta, o anúncio da morte foi feito pelo cardeal camerlengo, D. Kevin Farrell.

Catarina Oliveira Duarte destaca que Francisco “foi um Papa de abertura”, e conseguiu, através do seu carisma e da sua mensagem, “aproximar muitas pessoas”, o que traz desafios, mas “também é muito bom porque a Igreja é para todos”.

“E o Papa Francisco mostrou que a Igreja é também para os que têm doenças, para os que têm deficiências, como é o caso do meu filho, que está incluído, e que o Papa Francisco veio trazer muito esta inclusão, que não é só para uns, é para todos, como ele tantas vezes nos diz. E também desafiou-nos a pensarmos desta forma e a olhar de uma forma diferente que nos ajuda a caminhar”, acrescentou.

Para Catarina Oliveira Duarte este foi “um pontificado muito alegre, com muita mensagem de esperança, muita mensagem de motivação, de fé, de crescimento”, uma mensagem de acolhimento. A Igreja é de Cristo e a Igreja somos todos nós, a Igreja somos nós que a fazemos e, portanto, esta mensagem sempre foi muito forte e muito vincada em nós, com grande respeito pela instituição da Igreja e pronto.

O casal Catarina e João Duarte está “focado na realidade familiar e nos desafios, que são muitos”, não estão integrados em nenhum serviço paroquial ou diocesano, mas já tiveram numa equipa de casais, acompanharam um grupo de jovens e pertenceram à equipa diocesana da juventude.

Sobre a relação do Papa Francisco com os jovens, a entrevistada destaca “a proximidade que ele trouxe”, mostrou-lhes que a Igreja “não é um espaço fechado”, mas onde eles podem ter voz, e conhece várias pessoas que “se aproximaram da Igreja por sentirem esta consciência de serem recebidas”.

O funeral do Papa Francisco é celebrado este sábado, dia 26 de abril, pelas 10h00 (menos uma em Lisboa), no adro da Basílica de São Pedro; a Missa tem presidência do cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício

 

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