Rita Valadas destaca que «o Papa é uma pessoa mais distante, o Papa Francisco não»

Lisboa, 26 abr 2025 (Ecclesia) – A presidente da Cáritas Portuguesa destacou hoje a proximidade de Francisco como uma marca deste Papa e o simbolismo de terem estado 40 pessoas representantes de situações de fragilidade, na escadaria da Basílica de Santa Maria Maior.
“Ele quis estar com os mais frágeis, desde a primeira aparição, até à última. Estas pessoas presentes são uma representação, nunca será sequer parecido com o muito que ele dedicou a estas situações de fragilidade. Foi isso que ele escolheu, e acho que é lógico, generoso e coerente que se transmita a imagem daquilo que ele quis fazer, portanto, dar-lhe esta oportunidade na despedido é justo”, disse Rita Valadas, em declarações à Agência ECCLESIA, na emissão online especial ‘12 horas com o Papa Francisco’.
Após a “Missa exequial pelo Romano Pontífice Francisco”, na manhã deste sábado, dia 26 de abril, na Praça de São Pedro, no Vaticano, o Papa foi recebido na escadaria da Basílica de Santa Maria Maior, simbolicamente, por uma representação de 40 pessoas, entre reclusos, pessoas pobres e excluídas da sociedade – incluindo migrantes, transsexuais e sem-abrigo -, convocados pelo setor para a Caridade da Conferência Episcopal Italiana, todos com uma rosa branca na mão.
Rita Valadas lembra que “todos puderem ver quão próximo se fez sempre dos mais desfavorecidos”, e de todas as fragilidades, Francisco “não escondia um sorriso, nem sequer, às vezes, um aborrecimento”, por isso “as pessoas acreditavam naquele Papa”, uma presença sempre muito próxima e muito atenta, sobretudo, “a quem está em situação de desfavorecimento”.
“O sítio dele era onde as crianças, doentes ou não, os mais frágeis, aquela amiga [freira Geneviève Jeanningros, ndr.] que apareceu no funeral; ele tinha essa proximidade, eu própria senti isso quando ele esteve cá e numa cerimónia, onde o fui cumprimentar, tinham-nos dito que ele não estava bem de saúde e era bom que não nos aproximássemos excessivamente, quando me aproximei para o cumprimentar ele foi-me agarrar nas mãos, foi uma coisa que me gelou completamente. Ele era assim, e é assim que eu o sinto em presença ou proteção”, exemplificou.
Nos últimos dias, rosários do Papa Francisco foram distribuídos aos pobres da cidade de Roma pelo esmoler pontifício, o cardeal Konrad Krajewski.
Para a presidente da Cáritas Portuguesa, Francisco “não punha entraves nesta pureza de olhar as fragilidades dos outros, seja ela qual for”, e isso é uma lição para todos, o Papa o “nunca hesitou em fazer uma festa a uma criança”, uma pessoa única e de reverência para todos, mas “que queria ser tratado como próximo, e isso é uma lição”.
“Ele era Francisco. Não sei como dizer isto de outra maneira, o Papa é uma pessoa mais distante, o Papa Francisco não, ele não escolheu por acaso o nome. Acho que de facto se sentia nele alguma timidez, mas quando falava abertamente sobre as coisas, ele estava muito próximo e era fácil reconhecer, ouvir e compreender”, acrescentou.
‘Um amor que transformou’, foi esta uma das frases, retirada de uma campanha, que a Cáritas Portuguesa usou para recordar o Papa Francisco, que, segundo Rita Valadas, “ele representa lindamente” devido à forma como “se fazia próximo e queria estar próximo”, e incluía todos.
“Francisco teve essa capacidade de chegar muito longe do sítio onde ele estava, mas muito perto das pessoas que precisavam de o ouvir, e isso é raro, difícil e temos que aprender com ele. Acho que nos temos obrigação de aprender todas as lições, mas esta é uma lição de estar e uma lição de caminhar com, e isso não é tão simples mas é bastante mais útil”, concluiu a presidente da Cáritas Portuguesa.
Também a comunidade de Santo Egídio quis sublinhar a presença dos mais pobres, no funeral, com uma delegação, em São Pedro e Santa Maria Maior, que incluiu alguns dos refugiados que vieram no voo papal desde a ilha de Lesbos e outros que chegaram a Itália graças a corredores humanitários.
LS/CB