Francisco e o sucesso no mundo mediático

Lisboa, 13 dez 2013 (Ecclesia) – O mediatismo em torno do Papa Francisco deve-se, segundo a investigadora na área dos media e da sociologia Rita Figueiras, a um cruzamento entre caraterísticas e “sensibilidades” pessoais e a um “contexto” social que atravessamos.

“É o homem e o seu contexto. Há características e sensibilidades do próprio mas há momentos em que determinados atributos são melhor acolhidos. O discurso de alertar para o ser humano, levantar dúvidas sobre a economia e as opções políticas que se desviam das pessoas, está a cair muito bem na sociedade atual”, admite a investigadora e docente da Universidade Católica Portuguesa, em declarações à Agência ECCLESIA.

Segundo Rita Figueiras as “pessoas não se sentem representadas” nas “instituições de referência na sociedade ocidental”.

“Quando aparece um Papa tão disponível para estar próximo, para falar em nome de, para alertar para as condições de vida de quem tem menos, naturalmente que as suas palavras ganham muito eco nos media”, reforça.

A curiosidade em torno da figura papal “sempre existiu” e os media sempre demostraram “grande interesse pelas particularidades de cada um”.

Fator acrescido aponta a investigadora, foi o contexto de resignação de Bento XVI que terá contribuído para a “entrada de Francisco na agenda jornalística e da vontade de exercer o papado de forma diferente”.

O “fenómeno” sublinha a docente, reside no facto de ele chegar a “católicos e não católicos”.

“Não são apenas os católicos que fazem circular as suas mensagens e a reforçam, mas também entre os católicos menos participativos ou nos não católicos que se revêm nas suas palavras. É interessante perceber a forma como ele coloca o discurso que é acolhido numa comunidade mais ampla. Quanto mais houver capacidade de projetar esta mensagem positiva nos media, mais ela vai perdurar”.

O reforço e amplitude da mensagem têm colocado as palavras do Papa também na “agenda política, nomeadamente na nacional”, aponta a investigadora na área dos media e da sociologia e da comunicação política.

Rita Figueiras lembra a proximidade de Francisco com a população no Brasil, durante a Jornada Mundial da Juventude, em julho, ou o gesto na noite de Quinta-feira Santa, a 28 de março, quando o Papa lavou os pés a adolescentes detidos.

“São imagens fortes que condensam narrativas e são ricos para serem interpretados de múltiplas maneiras. Sem precisar de ter um texto escrito e oral, a narrativa será construída pelo olhar de quem observa”, refere.

São gestos e palavras que mostram “coerência”, um sinal “bem acolhido na sociedade”, e que fazem de Francisco umas das personalidades mais influentes deste ano, nove meses após a sua eleição, a 13 de março.

LS

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