Francisco: «Creio que muitos líderes mundiais perderam uma referência», assinalou bispo de Angra, na Sé

D. Armando Esteves Domingues refere que «caminho iniciado pelo Papa não volta atrás»

Foto: Igreja Açores/TO/RH

Angra do Heroísmo, Açores, 22 abr 2025 (Ecclesia) – O bispo de Angra afirmou que o “Concílio Vaticano II corria nas veias” do Papa Francisco, destacando a viagem à ilha de Lampedusa, a promoção do diálogo inter-religioso, e a preocupação social pelos mais frágeis, numa Missa na Sé.

“Este caminho iniciado pelo Papa não volta atrás, é a ação do Espírito Santo”, disse D. Armando Esteves Domingues, esta segunda-feira, na primeira Missa que presidiu de sufrágio pelo Papa Francisco, citado pelo portal online diocesano ‘Igreja Açores’.

O Papa Francisco faleceu aos 88 anos, na sequência de um acidente vascular cerebral (Ictus Cerebri), a que se seguiu um coma com “colapso cardiovascular irreversível”, esta segunda-feira, dia 21 de abril, na Casa de Santa Marta, onde se encontrava em convalescença desde 23 de março, após um internamento de 38 dias no Hospital Gemelli, devido a problemas respiratórios, informou o Vaticano.

“Creio que muitos líderes mundiais perderam uma referência, perderam alguém a quem olhar.”

D. Armando Esteves Domingues recordou alguns momentos do pontificado de Francisco, eleito Papa no dia 13 de março de 2013, como exemplo que o “Concílio Vaticano II lhe corria nas veias”, nomeadamente a sua primeira viagem que teve como destino a ilha italiana de Lampedusa, a sua preocupação social pelos mais frágeis, a promoção do diálogo inter-religioso.

“Numa linguagem nova, provocatória e cheia de esperança, deixou um rasto de misericórdia e humildade”, acrescentou, referindo às propostas de Francisco no campo da sinodalidade e do reconhecimento que ela é parte constitutiva da Igreja.

Segundo o bispo de Angra, as “saudações” do Papa Francisco eram “sempre de uma enorme cordialidade, proximidade e de relação com as pessoas”, as palavras e os gestos “tocavam sempre o coração dos destinatários”.

“Portou-se sempre como um pastor próximo, as primeiras palavras se não chocaram o mundo pelo menos avisaram-nos que algo de novo estava para acontecer: o primeiro jesuíta vindo do outro lado do mundo, com uma nova simplicidade na forma de ser igreja…Um estilo diferente que o acompanhou até ao fim; foi Papa até ao último segundo, igual a si próprio, ao encontro do seu povo”, desenvolveu D. Armando Esteves Domingues.

Foto: Igreja Açores/TO/RH

O portal online ‘Igreja Açores’ assinala que o bispo diocesano não conseguiu conter as lágrimas e partilhou com os presentes a última conversa que teve com o Papa Francisco, durante a Visita Ad Limina, em maio de 2024.

“Em maio passado estive com ele cerca de duas horas, mas depois, mais em privado, pedi-lhe uma bênção para os Açores e para os Açorianos. Sabia onde ficavam estas ilhas e deu-me a bênção para todos nós”, contou.

Esta terça-feira, 22 de abril, o bispo de Angra preside à Eucaristia, em memória do Papa Francisco, às 18h00 locais, na igreja de São José, em Ponta Delgada (Ilha de São Miguel), onde reúne com o Conselho Presbiteral.

O funeral do Papa Francisco vai ser celebrado este sábado, dia 26 de abril, pelas 10h00 (menos uma em Lisboa), no adro da Basílica de São Pedro; a Missa tem presidência do cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício, segundo previsto no ritual das exéquias pontifícias, ‘Ordo Exsequiarum Romani Pontificis’ (82-109), naquele que é considerado o primeiro dia do “novendiales”, período de luto que se prolonga durante nove dias.

O anúncio da morte do Papa foi feito pelo cardeal camerlengo, D. Kevin Farrell, esta segunda-feira: “Queridos irmãos e irmãs, é com profunda dor que devo anunciar a morte do nosso Santo Padre Francisco. Às 07h35 desta manhã, o Bispo de Roma Francisco regressou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da sua Igreja”.

CB/OC

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