Organismo lembra «cuidado prioritário e especial» de Francisco com os mais pobres e desfalecidos

Setúbal, 25 abr 2025 (Ecclesia) – A Comissão Diocesana de Justiça e Paz de Setúbal (CDJP) publicou, esta quinta-feira, um comunicado a propósito da morte do Papa Francisco, na qual lembra o contributo deixado pelo pontífice à Igreja e ao mundo.
“Sentimo-nos desafiados a fazer frutificar tão excelente legado que nos transmitiu e deixou pelo testemunho da sua vida de pastor apaixonado por todas as suas ovelhas, mas com um cuidado prioritário e especial pelas mais pobres e desfalecidas”, pode ler-se na nota enviada à Agência ECCLESIA.
O Papa Francisco faleceu aos 88 anos, esta segunda-feira, na Casa de Santa Marta na sequência de um acidente vascular cerebral (Ictus Cerebri), a que se seguiu um coma com “colapso cardiovascular irreversível”.
A CDJP une os “seus corações a todos os que estão entristecidos com a dolorosa realidade da morte do Papa Francisco” e manifesta um mistro de tristeza, com um “agradecimento a Deus por ter concedido à Igreja e ao mundo a graça e a bênção da sua vida”.
O organismo lembra o “impulso” de Francisco “de fazer nascer vida em abundância nascido do seu coração” que o levou “a um estilo de vida de simplicidade, proximidade e de solidariedade de destino com ‘todos, todos, todos,’ uma ‘igreja em saída’, indo ao encontro das periferias humanas, existenciais, geográficas e económicas, denunciando o estigma contra os homossexuais, divorciados ou recasados, acolhendo-os com doçura e misericórdia”.
“Abrindo portas, sendo ponte entre campos extremados e soluções ‘impossíveis’, com todos dialogou, católicos e outros cristãos ou de outras religiões, com céticos ou ateus, pensadores, artistas, políticos, economistas, movimentos sociais ou ecológicos”, salientou.
A mensagem evoca vários momentos dos 12 anos de pontificado de Francisco, entre eles “os seus ousados e proféticos gestos junto de imigrantes que escapavam do mediterrâneo”, a denúncia duma “economia que mata”, a procura do “diálogo e entendimentos entre países em guerra” e a “urgente mudança de estilos de vida e políticas perante as alterações climáticas”.
Além disso, Francisco “desencadeou um espírito e movimento reformador das estruturas e métodos de ação pastoral” e “sacudiu as consciências, enfrentando de modo claro e firme os escandalosos abusos de menores, casos de pedofilia, ostentação religiosa, clericalismo, o mundanismo religioso e tendências dentro da igreja para o regresso ao passado conservador, clerical e tradicionalista”, destaca o CDJP.
O organismo recorda ainda que, “neste tão valioso e rico legado”, o Papa despertou “a Igreja para a sua identidade sinodal, de comunhão, participação e evangelização e através de reformas exemplares na Cúria Romana, confiando a mulheres altas responsabilidades, valorizou a sua vida e missão a que têm direito no seio da Igreja”.
“A esperança que procurou despertar nas nossas vidas e neste mundo ameaçados por nuvens escuras e incertezas que nos estão a provocar grandes medos e sofrimento vinha da sua fé em Deus cuja ‘esperança não engana’”, indicou.
A Comissão Diocesana de Justiça e Paz de Setúbal compromete-se a manter vivos e conhecidos os seus principais documentos ‘Evangelii gaudium’, (‘A alegria do Evangelho’, ‘Amoris laetitia’, a (‘Alegria do Amor’), ‘Fratelli Tutti’, (‘Todos Irmãos’) ‘Laudato Si’ (‘Louvado Sejas’)”, entre outros, e exorta a diocese a assumir “o legado do Papa Francisco”.
“Como ele tantas vezes pediu continuaremos a fazer chegar as nossas orações ao Pai por ele e, nesta esperança, que o Espírito Santo ilumine a Igreja para que nos seja dado um novo Papa segundo os seus desígnios”, concluiu na mensagem com o título “Fragmentos da memória saudosa e desafiante do Papa Francisco”.
O funeral do Papa Francisco, em Roma, é celebrado este sábado, pelas 10h00 (menos uma em Lisboa), no adro da Basílica de São Pedro; a Missa tem presidência do cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício
LJ