Cardeal lembrou «troca de olhares entre o Papa e aquelas multidões» na JMJ Lisboa 2023

Lisboa, 21 abr 2025 (Ecclesia) – O patriarca emérito de Lisboa, que acompanhou o Papa em várias ocasiões, nomeadamente a edição portuguesa da Jornada Mundial da Juventude, destaca do pontificado de Francisco a atitude “evangélica de ir ao encontro do outro que está à espera”.
“O Padre Francisco colocou-nos constantemente nas fronteiras do Evangelho, ou seja, naquelas fronteiras que, muitas vezes, são descuidadas por nós, dos mais pobres, dos conflitos que nunca acabam, de tudo aquilo que são tristezas de muita gente, pois o Papa Francisco esteve sempre lá e levou-nos com ele, com o seu exemplo, com a sua palavra, no mesmo sentido”, disse D. Manuel Clemente, em declarações à Agência ECCLESIA.
O Papa faleceu hoje, na Casa de Santa Marta, onde se encontrava em convalescença desde 23 de março, após um internamento de 38 dias no Hospital Gemelli, devido a problemas respiratórios, informou o Vaticano.
“Durante este pontificado, o que realça sobretudo é esta atitude evangélica de ir ao encontro do outro que está à nossa espera”, sublinhou o patriarca emérito de Lisboa.
D. Manuel Clemente exemplifica ainda que na bula de proclamação do Ano Santo 2025, o Papa escreveu que “é preciso transformar tantos apelos do mundo em sinais de esperança pela presença, pela ajuda”, porque tudo isso “é muito evangélico”.
“Ainda assim, muito triste pela notícia, aquilo que mais quero realçar é este legado que ele nos deixa, que é profundamente evangélico”, acrescentou.
O patriarca emérito de Lisboa, que teve o “privilégio de acompanhar” Francisco em particular na Jornada Mundial da Juventude em Portugal, em agosto de 2023, recorda “a troca de olhares entre o Papa e aquelas multidões”.
“Era impressionante ver, quer do lado dele, quer do lado, digamos, das multidões, que eram milhares e milhares de pessoas ao longo das ruas, essa troca de olhares estava cheia de evangelho, quer na expectativa, quer na resposta. Na expectativa de uns, quer na resposta dele, um olhar que falava por si. E isso era muito, muito importante, forte e marcante”, desenvolveu o cardeal português.
Para D. Manuel Clemente, o Papa Francisco foi também “um construtor”, “e é um papado que também deixa muitas marcas nesse sentido”, demolindo aquilo que era preciso demolir e reconstruindo aquilo que era preciso reconstruir”.
“Para nos levar sempre para diante no sentido da purificação da Igreja, para que ela seja mais evangélica, e assim sirva melhor o mundo, na simplicidade enfim, numa caridade ativa, que é o evangelho vivo”, disse o cardeal português.
D. Manuel Clemente, então patriarca de Lisboa, foi criado como novo cardeal da Igreja Católica, no dia 14 de fevereiro de 2015, o Papa Francisco pronunciou pelas 11h27 locais o seu nome, numa cerimónia na Basílica de São Pedro.
O anúncio da morte do Papa Francisco, esta segunda-feira, aos 88 anos de idade, foi feito pelo cardeal camerlengo, D. Kevin Farrell: “Queridos irmãos e irmãs, é com profunda dor que devo anunciar a morte do nosso Santo Padre Francisco. Às 07h35 desta manhã, o Bispo de Roma Francisco regressou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da sua Igreja”.
PR/CB/OC