Francisco: Cardeal D. António Marto deixa mensagem de gratidão perante «legado imenso e precioso»

Foto: Santuário de Fátima

Fátima, 21 abr 2025 (Ecclesia) – O cardeal D. António Marto, bispo emérito de Leiria-Fátima, deixou hoje uma mensagem de “reconhecimento e de gratidão” pela vida do Papa, que faleceu no Vaticano, aos 88 anos de idade.

“Foi verdadeiramente um pai e um profeta, quer para dentro da Igreja, quer para o mundo, para a humanidade inteira. O seu estilo de vida, acho que qualifica tudo o que é toda a sua pessoa e todo o seu ministério”, disse à Agência ECCLESIA.

O responsável foi criado cardeal pelo Papa Francisco a 28 de junho de 2018, depois de o ter recebido na visita ao Santuário de Fátima, em 2017, no Centenário das Aparições.

D. António Marto admite a “surpresa” perante a notícia do falecimento, apesar da “fragilidade” do estado de saúde do Papa.

“Recebemos a notícia com um misto de sentimentos, com um lado de profunda consternação e comoção. Foi um pai, digamos, que nos deixou”, admite.

Para o bispo emérito de Leiria-Fátima, Francisco deixa como marca “um estilo de vida evangélico, de proximidade a todos, de ternura, de acolhimento, compreensão e de compaixão por todos aqueles que sofrem”.

“Foi um estilo que ele exprimiu também em imagens inovadoras e muito atuais para a compreensão de toda a gente. A Igreja como um hospital de campanha, sempre pronto e disponível para acolher os feridos e ajudar a curar as feridas de tanta gente”, acrescenta.

Para o responsável católico, o Papa “tinha um discernimento único com ninguém”, destacando ainda o seu apelo a “uma Igreja em saída, de portas abertas, como ele acentuou na Jornada Mundial da Juventude e em Fátima”.

Uma Igreja de portas abertas, acolhedora de todos, sem fazer juízo nem condenação. Uma Igreja que sai do seu recinto e vai ao encontro de todos, sobretudo dos mais vulneráveis, dos mais afastados. É um legado imenso e precioso”.

 

O bispo emérito de Leiria-Fátima, que vai participar no próximo Conclave, entende que Francisco “deu início a processos de reforma, de renovação da Igreja, para corresponder à sua missão neste tempo e neste mundo, com os desafios próprios”.

“Foi pai e profeta para a humanidade, reconhecido como a única autoridade moral diante desses problemas atuais que estamos a viver: os problemas do ambiente sobre os quais ele escreveu aquela bela encíclica, propondo uma ecologia integral [Laudato Si]; depois o problema também da paz, para o qual escreveu aquela também bela e profunda encíclica, sobre a fraternidade universal e a amizade social [Fratelli Tutti]”, sustentou.

Para o cardeal D. António Marto, essa é uma marca espiritual necessária para “um mundo dividido, fragmentado, polarizado, cheio de tensões ideológicas, políticas, sociais e económicas”.

“É um momento de reconhecimento e de gratidão a Deus, porque ele de facto foi um dom de Deus admirável para este tempo e para este mundo, por todo o testemunho que nos deixou de paixão, de entrega à Igreja e à humanidade”, insiste.

O responsável católico recorda os momentos que partilhou com Francisco, nas celebrações do 13 de maio de 2017, assumindo uma “uma dívida de muita gratidão ao Papa” pela sua atenção e ternura.

“Há um pormenor que me impressionou e me comoveu: na Procissão do Adeus, quando todos estavam com o lenço a dizer o adeus à imagem de Nossa Senhora, ele também estava emocionado com o lenço, olhei para ele e vi brilhar as lágrimas nos seus olhos”, relata.

O cardeal e teólogo português destaca uma “particularidade da personalidade e do ministério do Papa Francisco”, do qual se dizia que “veste como um dominicano, vive como um franciscano e pensa como um jesuíta”.

Francisco faleceu hoje, na Casa de Santa Marta, onde se encontrava em convalescença desde 23 de março, após um internamento de 38 dias no Hospital Gemelli, devido a problemas respiratórios.

PR/OC

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