Guilherme d´Oliveira Martins destaca momentos chave do Pontificado do Papa Francisco
Lisboa, 13 Mar 2021 (Ecclesia) – Guilherme d´Oliveira Martins considera que o pontificado do Papa Francisco é “absolutamente original” e “completamente novo” em relação a outros pontificados.
“O Papa Francisco começou logo por surpreender porque sendo jesuíta escolheu o nome de Francisco, em homenagem ao despojamento e à pobreza” do santo franciscano, disse à Agência ECCLESIA Guilherme d´Oliveira Martins a propósito dos 8 anos de pontificado do papa argentino que se celebram este sábado.
Apesar do Papa Francisco e o Papa Bento XVI serem “diferentes”, este elemento do Centro Nacional de Cultura realça a presença “académica muito forte” do Papa alemão e a “dimensão mais pastoral” do Papa argentino, mas escreveram a encíclica «Lumen Fidei» a “quatro mãos”.
Ainda na linha de comparação entre os pontificados do Papa atual e do Papa emérito, Guilherme d´Oliveira Martins salienta a “complementaridade” entre os dois.
A encíclica de Bento XVI “Caritas in Veritate” já falava que “a economia mata” e o Papa Francisco “ilustrou isso na prática”.
Ao fazer referência à primeira encíclica do Papa Francisco, «Laudato Si», o entrevistado sublinha que é “um dos grandes documentos” e “uma marca, mesmo para o mundo secular”.
A encíclica «Fratelli Tutti» é um documento que apela “para a compreensão do outro, como a outra metade de nós”.
Guilherme d´Oliveira Martins considera que o papa atual tem sido “menos viajante” em comparação com o “grande peregrino que foi João Paulo II”, mas as viagens a Lampedusa (Itália) e ao Iraque foram “marcantes”.
O último ano, devido à pandemia, foi marcado pela distância, mas o Papa Francisco insiste com “frequência” que as pessoas devem “aproximar-se umas das outras e não podem viver isoladas”, precisou.
Ao falar da “imagem paradoxal” com o Papa Francisco sozinho na Praça de São Pedro, no Vaticano, Guilherme d´Oliveira Martins acentua que naquele momento percebe-se o quanto “é importante o outro”.
Neste momento de balanço do pontificado, o entrevistado recorda também a mensagem para a Quaresma deste ano, onde Francisco apela a “um jejum espiritual, com menos palavreado e menos má-língua”.
Uma das chaves políticas para o Papa argentino é o conceito de “fraternidade”, sendo as outras “a paz e a misericórdia”.
“A liberdade, a igualdade e a fraternidade” são valores que têm de estar “intimamente ligados” em prol da “dignidade humana”.
Ainda no domínio dos documentos do Papa Francisco, o entrevistado reconhece também a importância das exortações apostólicas «Evangelii Gaudium»; «Amoris Laetitia» e «Gaudete Et Exsultate»
Nestes três documentos, a “ideia de alegria” está bem patente.
Neste contexto de pandemia, a voz do Papa Francisco “é uma voz de referência” para as comunidades crentes e não crentes e “não se cansa de chamar a atenção para o valor da vida”.
“A corrupção, a pedofilia e o papel da mulher na sociedade contemporânea” são outros temas abordados por este Papa.
O cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, então com 76 anos, entrou para o Conclave de 2013, a 12 de março, fora das listas de “papáveis” da maioria da imprensa e já a preparar-se para resignar ao cargo de arcebispo de Buenos Aires.
No dia seguinte, contudo, após o quinto escrutínio, começou a sair fumo branco da chaminé colocada sobre a Capela Sistina, pelas 19h06 locais; só mais de uma hora depois, pelas 20h22, seria possível ver de branco o Papa que escolhera o inédito nome de Francisco, primeiro pontífice jesuíta e também do continente americano.
Jorge Mario Bergoglio nasceu na capital da Argentina a 17 de dezembro de 1936, filho de emigrantes italianos, e trabalhou como técnico químico antes de se decidir pelo sacerdócio, no seio da Companhia de Jesus (jesuítas), licenciando-se em filosofia antes do curso teológico.
Ordenado padre a 13 de dezembro de 1969, foi responsável pela formação dos novos jesuítas e depois provincial dos religiosos na Argentina (1973-1979).
João Paulo II nomeou-o bispo auxiliar de Buenos Aires em 1992 e foi ordenado bispo a 27 de junho desse ano, assumindo a liderança da diocese a 28 de fevereiro de 1998, após a morte do cardeal Quarracino.
O primaz da Argentina seria criado cardeal pelo Papa polaco a 21 de fevereiro de 2001, ano no qual foi relator da 10ª assembleia do Sínodo dos Bispos.
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