Francisco/4.º aniversário: Guilherme d’Oliveira Martins destaca Papa «incómodo» e marcas de continuidade no pontificado

Atenção às periferias ou a luta contra a pedofilia dentro da Igreja Católica são alguns dos marcos deste pontificado

Lisboa, 13 mar 2017 (Ecclesia) – Guilherme d’Oliveira Martins disse que os quatro anos de pontificado do Papa Francisco vieram retomar, “com elementos de mudança”, a linhas fundamentais de antecessores como João XXIII, João Paulo II e Bento XVI.

Em entrevista ao Programa ECCLESIA desta segunda-feira, na RTP2, o atual administrador executivo da Fundação Calouste Gulbenkian destaca a forma como o Papa argentino tem procurado dar atenção aos “sinais dos tempos” e à “causa da paz”, na esteira de João XXIII e de João Paulo II.

O presidente do Centro Nacional da Cultura realça ainda o modo como Francisco tem estado presente no centro do debate sobre a justiça social e a economia.

“É preciso não esquecermos uma encíclica extraordinariamente importante, e que está bem presente neste pontificado, que é a ‘Caritas in veritate’, do Papa Bento XVI, muito clara, muito dura, contra a economia de casino, contra o curtíssimo prazo, contra as ilusões, contra mercado e uma economia que mata”, salienta Guilherme d’Oliveira Martins.

No entanto, para aquele responsável, existem “elementos de mudança” na ação do Papa Francisco, que podem ser separados “em dois domínios”: o “arrumar da casa”, ou seja, a “organização” da Santa Sé; e a parte mais “pastoral”.

Sobre o primeiro, Guilherme d’Oliveira Martins lembra o trabalho que o Papa Francisco tem desenvolvido na restruturação da Igreja Católica e do Vaticano, de modo a “não haver qualquer névoa relativamente ao cumprimento estrito dos princípios”, em matérias como o combate ao crime financeiro e à pedofilia.

“Isto levanta para alguns incómodos naturalmente, mas são exatamente os mesmos incómodos que Jesus Cristo ao chegar ao templo e ao ver os vendilhões, tomou uma atitude clara e inequívoca, e este Papa não esquece essa atitude”, salienta.

Quanto ao domínio pastoral, o administrador executivo da Fundação Calouste Gulbenkian sustenta que Francisco tem dado sinais de “uma grande coerência” entre “o respeito e a salvaguarda dos princípios” que devem reger a Igreja Católica, e a “compreensão” de deve ser dada a quem mais precisa, “ao próximo”.

E é neste campo que assenta também a preocupação do Papa Francisco pelas “periferias”, por uma sociedade que aponte a um apoio mais efetivo aos mais pobres e que mais precisam; por uma Igreja Católica que não se deixe ficar “fechada sobre si” mas que saiba sair “em missão”.

“O Papa Francisco, com entusiasmo, com inteligência, com determinação vem dizer que é indispensável que a Igreja Católica tenha uma presença no mundo contemporâneo mas simultaneamente há a presença da dignidade humana”, completa Guilherme d’Oliveira Martins.

PR/JCP

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Agência ECCLESIA

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